ASSOMBRO

Noite de lua cheia

o lobisomem sai

o lobo homem some

se esvai e esquiva nas esquinas e ruas

Passos no vazio de uma noite fria

Caminhada absorta no contraste do escuro da noite

e da claridade da lua

Reflexos de um olhar que não é visto mas que vê

Que nas muralhas e arranha céus ouvie o inaudito

Tanta gente

Tanto vazio

Tantos prédios

poucos presídios

construções e demolições

belezas arquitetônicas

e ao mesmo tempo muita destruição

Olhares esperançosos

embriagados

alucinados

perdidos

sombrios

e assombrosos

Reflexo de olhos na lua

na face nua

e na mascarada

de tanta pintura

Eco no silêncio

silêncio no barulho

vozes no fundo do copo

no fundo do poço

na fossa fétida da crueldade humana

Na perda de sentido

de significado

e de significante

que justifique a falta

que refrigere a busca

que reforce a luta

Fantasias

Status

Podridão

desprezo

dicotomias tão distantes

e interligadas

tão ocultas e impenetráveis

tão aparentes

vísiveis

ou camufladas

neste redemoinho

nesta lama,

precipício

e areia movediça

do assombro e assombroso refletir

do lobo homem,

do homem lobo

do lobisomem..

Juiz de Fora, 16 de maio, 2010

Ana Lú Portes
Enviado por Ana Lú Portes em 17/05/2010
Reeditado em 17/05/2010
Código do texto: T2261535
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