O ABSURDO
O absurdo que nos absorve
O ininteligível que nos comove
A face humana denegrida
destroçada
e fragmentada
O ser que dilacera outro ser
por ele próprio não ser
nem se identificar como um ser
O lobo do lobo
que não é lobo
Que se diz humano
Mas não tem face
não tem laços
não estabelece vínculos
Não se vincula
e nem se deixa vincular
não possui víncos
nem afincos
interesses
ou sinuosidades
Não sabe onde vai
por que vai
nem a que veio
Está por não ter como não estar
e nesta ausência de ser
não é
e ainda destrói aqueles que são ou almejam ser
No absurdo de não existir
mas estar
na complexidade de não ser na falta
e ocasionar a falta onde se existia
Tanto absurdo como este ensaio envolto em devaneios e metamorfoses do ser e não ser das nuances humanas.
Juiz de Fora, 16 de Maio, 2010