QUAL A SUA ÉPOCA?

Eu sempre admirei a versatilidade, competência, simpatia e elegância de Mário Lago.

Algumas idéias dele servem de inspiração para a minha vida. Temos, em comum, um pensamento que defendo, quando surge a oportunidade...

Ele sempre respondia à pergunta sobre a SUA época: “Minha época é hoje”.

Eu não compreendo, assim como ele não compreendia, como alguém que vive o momento atual, acompanha ou participa de todos os acontecimentos diários, contribui com o seu trabalho e com as suas idéias é considerado “de outra época”.

A expressão “sua época” quando utilizada, em conversação, por pessoas com menos idade biológica demonstra mais pré-conceito e segregação do que o interesse real de conhecer informações sobre os anos que não teve a oportunidade de viver.

Esse desconhecimento do valor do ser humano talvez tenha sido uma das razões para se estabelecer limite, fixar idade para alguém ser considerado objeto de olhares especiais em uma imensa vitrine da vida – O IDOSO – como se isso também ensinasse o que é Respeito.

Essas pessoas “de outra época” são as excluídas tacitamente do mercado de trabalho privado e sem restrição de acesso aos Cargos Públicos.

Lamentavelmente, os idosos que exercem Cargos Públicos dificilmente enfrentam as filas dos Bancos, dos supermercados, dos aeroportos, dos estádios de futebol como fazem os funcionários públicos, os empregados de empresa privada, os aposentados e os desempregados. Eles não correm o risco de ouvir, como ouviu o Mestre Calmon de Passos – Grande Jurista Baiano – com a idade de 80 anos, quando convidado a ocupar os primeiros lugares de uma fila em um Banco: “- Furando a fila, velho sem vergonha?” (Este fato foi contado pelo próprio Mestre em uma palestra que assisti no anfiteatro do Parque Costa Azul, em Salvador). Como foi humilhado! Esse é o dia-a-dia de quem é considerado “fora da sua época”.

Ancorada em seres humanos que respeito, direi, sempre que considerar um momento oportuno:

- “Minha época é hoje” – como Mário Lago.

- “Minha idade é hoje” – como diz Padre Marcelo Rossi.

Feliz daquele a quem Deus concede longos anos de vida e que, com os privilégios adquiridos com o suor do seu trabalho digno, sabe ser feliz em qualquer idade e aproveitar bem a vida!

Dalva da Trindade S Oliveira

29.11.2009