Resgate

De repente, meu subconsciente, adentrou-se pelo teu por solos imagináveis, quase existentes!

Mas a mentira era verdade. Eras então meu pai, tão reservado, eu simplesmente tua mãe. Ávida de ti; precisava sempre olhar nos teus olhos para certificar-me que estavas bem.

Nossos espelhos se fundiram... E olhamos um para o outro; pais e filhos em pleno resgate milenar...

E queria tanto ouvir dos lábios do meu pai, o quanto ele me queria bem...Sem nunca ouvir!

Mas, eu como sempre mãe, te dizia a toda hora, no vazio de todos os segundos, o quanto te amava e se um pedaço de mim se ia; já cansado, envelhecido, esse outro meu lado aqui ficava.

E dizer de novo, como se fosse ainda meu lindo bebê, que se cuide com carinho, porque os meus olhos são os mesmos a te seguir pelos caminhos.. Eles velam por ti.

O espelho do físico que se partiu, diante da dor da ausência...Agradeço então, as palavras que nunca ouvi, porque aprendi a ler a voz do teu coração: dormes querida; só um pouco de sono, meus braços abertos, esperam por ti...Descansa tua dor.

Essa voz suave que nasceu de mim, como se fosse um filho...

Adormecendo temporariamente, a mulher e o homem que nasceram para a unicidade.

03/10/2004

Verônica Aroucha
Enviado por Verônica Aroucha em 05/06/2005
Código do texto: T22355
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