Guerra ao Pudor

De todas as criações estúpidas do ser humano, esta é que menos entendo, tanto por ser a mais sem lógica e ante-natural de todas, talvez o homem em sua busca de tentar ser aquilo que não é criou este ser estranho como tentativa frustrada de recusar que também somos animais, e a tão citada racionalidade que nos imputam não é única de nossa espécie, cientistas já comprovaram que os animais também tem seu nível de "QI", podem argumentar que temos mais, mas aí vem a pergunta "de que vale tanta inteligência se muitas vezes só a usamos de forma estúpida, como forma de coação contra o outro ou contra nós mesmos?" Antes ter o QI de uma ameba e o usar de forma mais nobre.

Podem me chamar de revoltado, de rebelde e cousas do tipo, mas tento em meus textos fazer o que muitos não mais fazem: contestar, questionar e bater de frente contra valores ilógicos e não naturais.

Segundo o dicionário Michaelis pudor significa: "sm (lat pudore) 1 Sentimento de pejo ou vergonha, produzido por atos ou coisas que firam a decência, a honestidade ou a modéstia. 2 Pejo, vergonha. 3 Pundonor, recato, seriedade."

Como se pode ver, pudor está estreitamente ligado a vergonha, e no nosso dia a dia se relaciona com o que vestimos e falamos, é nesse primeito ponto que irei me focar.

Não entra na minha cabeça como o país do Carnaval, de mulheres e homens lindos e do fio dental em certas ocasiões tem valores tão parecidos com os mais carolas da Europa, que nos invejam com seu ar de arrogância por mostrarmos uma imagem de sermos um país calmo, com muita liberdade e tudo o mais... E nós, pelo que parece, com nossa alienação estúpida tentamos sempre nos europeizar, mas nos esquecemos que muitos valores que queremos colar a força já foram de muito abandonados por vários países europeus. Não digo que devemos assim copiar isso neles, digo que devemos nos assumir como somos, um povo que vê o corpo como algo belo, como vemos no carnaval e nas praias, e não como algo que deve ser sempre ocultado embaixo de uma tapeçaria de roupas.

Sinceramente não entendedo o mal que se encontra na nudez, ou no uso de pouca roupa, num país que no verão a temperatura passa dos 40º, deveria ser aprovada uma lei que dissesse logo em seu caput "é permitido, a qualquer que seja, vestir-se da forma que quiser, ou não vestir-se, caso assim se queira" o no 1º parágrafo vim logo a sanção "quem por qualquer motivo discriminar ou abusar de tal direito será imputado uma pena de 3 anos usando cachecol no centro da cidade onde vive." Defendo com unhas e dentes a liberdade de podermos mostrar o corpo a hora que quisermos e quando quisermos, sem com isso, logicamente partimos para barbárie.

Um caso que me chamou atenção foi de Geisy Arruda, bem, eu não a conheço e nem sei se ela provocou aquele estardalhaço, mas partindo do ponto que ela foi crucificada por estar usando um traje curto, mostra o outro lado do pudor, que como já nos foi dito pelos antigos que o mal não está somente na falta mas também nos excessos, neste caso esse recato medonho que causa náuseas pode ser usado como explicação para o fato de toda uma faculdade ter abandonado eras de evolução e voltar ao estado anterior as eras glaciais, como se ela fosse uma predadora que deve ser destroçada e ter sua carcaça exposta em praça pública para servir de exemplo. Se ela tiver provocado, isso só prova o quanto somos selvagens por nos lançarmos a irracionalidade por qualquer motivo.

Usando-me como exemplo, sei que não tenho o corpo perfeito e que segue a moda e afins, mas nem por isso tenho que ter vergonha dele e encher minha cabeça de carrapatos valorativos, cujo único fim é destruir aquilo que vejo como sendo certo e, neste caso, inofensivo. Todos devemos ser livres para decidir o que fazer com o corpo, visto que ele é meu, o Estado não deve ser meter nisso, a não ser em casos onde outrens usem o corpo de outrens sem seus consentimentos, como uso de coerção e afins... Mas se tratando de vontade própria ela deve ser sim respeitada.

A lei nº 7716 (http://www.planalto.gov.br/CCIVIL/Leis/L7716.htm) trás em sua redação de forma bem claro a questão do crime por preconceito, e deveria ser acrescida em sua redação que negar a entrada de alguém a qualquer canto por questão das vestes que usa, ou não usa, também será regido por esta lei, visto que a constituição nos GARANTE, ou pelo menos DEVERIA, o direito de IR e VIR, como também nos garante a liberdade de expressão, e como se sabe o corpo é uma forma de se expressar.

Provavelmente alguém com seus valores parasitivos vindos de fontes que nem mesmo me compraz citar como religião, os bons costumes e bons modos, que sinceramente já deveriam ter sido destruídos e reformulados a muito tempo, mas isso já é tema de outro ensaio.

O homem foi criado para ser livre e desfrutar de sua liberdade, mas o que vemos hoje é um homem frustrado com medo de si mesmo, do mundo em que vive e do outro, e agora do câncer, como tanto fala Bauman, em seu livro O Medo Líquido. Talvez rechacemos o nu, e tudo que ela nos traz ao mais fundo calabouço, retirando-o de lá somente quando pode nos comprazer, por temos medo dele, por ser algo tão arcano que pode ter junto a si vis sucubus que destruirão nossa razão, que nós mesmos destruímos fingindo não notar.

Fontes: http://michaelis.uol.com.br/

http://www.planalto.gov.br/CCIVIL/Leis/L7716.htm

www.google.com.br

Zygmunt, Bauman, O Medo Liquido.