Deixas Solitárias - XVI
Como é bom ter mais um texto da Patinha.
Quantas saudades eu senti dessas suas poesias. Nunca pensei que isso me faria tanta falta. Ler seus Tombos é uma experiência única, como eu sempre digo. E é realmente fantástico sentir a pele ficar arrepiada & os olhos úmidos pelo simples fato de ler aquilo que você escreve. Aquilo que você tão bem escreve. Aquilo que você escreve de modo tão lindo & natural. Talentosíssimo. É engraçado como as coisas acontecem. Como você já sabe (está cansado de saber, aliás), assim que pus meus olhos em você, naquele exato instante, pude sentir meu coração batendo descompassadamente & uma certa desordem no raciocínio. Estava feito, eu já era sua. No início foi aquela confusão. Eu discutia comigo mesma, tentando convencer-me a deixar de lado aqueles pensamentos malucos, me achando irresponsável & tola. Mas lá no fundo eu sabia (ou pressentia) que você era pérola rara, que alguma coisa muito especial aquele homem guardava dentro de si para que me chamasse tanto a atenção. Arrisquei. Não dava mais para segurar. Tinha que ser assim. Com o passar do tempo entendi que havia finalmente encontrado aquele pelo qual eu esperava. O homem feito da mesma matéria que eu. O homem que saberia honrar meu Jardim Secreto & fosse bom o bastante para poder deitar-se em minha verdadeira cama, compartilhando-a comigo como absoluto soberano do meu reino encantado. Nunca em tempo algum, permiti tamanha intimidade com outro ser humano. Você é o único, a saber, da existência desses segredos que eu carrego dentro do peito. E para tornar tudo ainda mais fantástico, você “guardou” meu Jardim Secreto dentro de sua pequena & delicada Ilha, longe dos olhos & intenções dos outros mortais. Só poderia ser você. Amar um homem que veio exatamente ao encontro dos meus anseios & vontades & com o qual me sinto à vontade para compartilhar toda a minha vida é o supra-sumo da felicidade. Estar com você é muito bom. É o bom da vida. Algumas (muitas) vezes, já pensei em como seria legal dar uma virada na mesa, chegar para você & dizer: “Olha, eu te quero de verdade, quero dormir nesse seu peito todas as noites & cuidar de você com todo carinho & atenção que você merece.” Viver a vida comungando com você todos os momentos seria de fato muito gostoso. Mas será que daria certo? Na verdade acho que possuímos aquilo que todas as pessoas sonham & não conseguem realizar. Nós já encontramos a mina de ouro, só nossa, pra quê expô-la ao mundo? É certo que a distância machuca, mas a saudade causada por ela faz com eu tenha ainda mais sede de você. O pouco tempo que dispomos, & que tanto nos atormenta, faz com que eu aproveite cada segundo ao seu lado, extraindo até a última gota, todo o prazer que a sua companhia me proporciona. Talvez se estivéssemos oficialmente juntos, a coisa já seria diferente. Teríamos que enfrentar o desgaste natural de uma vida a dois, com todas as chatices & aporrinhações do dia-a-dia. Da forma como estamos vivendo, as lágrimas vertidas pela saudade & pela terrível angústia de não tê-lo a meu lado (sim, eu choro) são compensadas pela inefável alegria que sinto quanto estamos juntos, seja conversando, seja fazendo amor, seja simplesmente em silêncio, lado a lado. Só posso me sentir uma grande privilegiada por viver uma experiência tão gratificante & única na vida. Veja se não tenho razão:
Tenho um grande amigo, excelente cronista & poeta sublime, que trabalha comigo & sempre está disposto a quebrar meus galhos. Esse mesmo amigo é dono do único ombro que eu procuro quando algo não vai bem & sempre tem a palavra justa para curar minhas feridas. Esse amigo é também o único a ter permissão para entrar em meu Jardim Secreto, no qual já fez uma morada para suas pérolas literárias, o que muito me honra. Além disso, esse amigo é o homem que me faz viajar através das dimensões, carregada por orgasmos nunca antes imaginados. É esse o homem que veio saciar a minha sede. E é ao lado desse homem que, de uma forma ou de outra, eu quero percorrer meu caminho nesta vida. É mais que paixão. Muito mais.
SONETO DO AMOR TOTAL
Vinícius de Moraes
Amo-te tanto, meu amor... não cante
O humano coração com mais verdade...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade
Amo-te enfim, de um calmo amor presente,
E te amo além, presente na saudade.
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e cada instante
Amo-te como um bicho, simplesmente
De um amor sem mistério e sem virtude
Como um desejo maciço e permanente
E de te amar assim e amiúde
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de mar mais do que pude.
Peixão89
Deixas – 1998-2000