O conhecido e o desconhecido

Hoje li uma frase da Martha Medeiros que dizia mais ou menos assim: “Eu me conheço bem, mas sei que posso me surpreender comigo mesmo, a qualquer minuto”. Essa frase me chamou muita atenção e eu comecei a pensar em você, em nossa relação, em tudo o que eu já falei pra ti e você a mim. Em tudo o que eu já “conheço” de você e, ainda, no que hei de encontrar em você nessa longa estrada a percorrer.

Naquele momento fiquei pensando “Poxa, mas nós já convivemos há tantos anos e será que eu ainda não o conheço o suficiente, na íntegra?” a resposta, meu grande amor, é Não. Eu não o conheço por inteiro porque não Me conheço por inteiro. Ora, como poderei eu conhecer alguém, uma outra pessoa, um outro universo de sensações e pensamentos se, para mim, eu sou suficientemente desconhecida? Ou, como poderei amar esse alguém se não se ama unicamente pelo corpo atlético, pelo beijo que errepia, pelo olhar fulminante ou pelo cheiro do outro fundido ao meu?

O amor não exige currículo, nem planilha de defeitos e qualidades prontas e digitalizadas no Excel.

Quem dera, meu amante, que o amor fosse uma ciência exata, equação matemática, onde dois e dois são quatro.. ou cinco? (até a ciência tem suas controvérsias, não é mesmo?)

Mas não se ama por essas razões. Aliás, o amor não tem nenhuma razão, pois a razão é oposta à loucura, a insensatez, a imprudência, a perdição, ao desequilíbrio, a alienação mental que o mais nobre dos sentimentos provoca em nós, meros seres humanos. Ele só acontece. E quando acontece nos deixam bobos, sem rumo, caminhando contra o vento, sem lenço sem documento.

Não há necessidade nem busca de conhecer o outro, nem de se conhecer.

Ama-se pelo simples fato de desconhecer o conhecido (ou conhecer o desconhecido). Ama-se justamente pela capacidade que o outro tem de nos completar. E só o MEU amor consegue ser do jeitinho que VOCÊ é: inteiramente e permanentemente MEU.

05/04/2010.