Amigos - Um pouco de minha vida
Dentro da madrugada ouço vozes e ruídos dos ônibus movimentando o inicio do dia. Levanto e faço o café. O aroma adocicado invade o ambiente. Aprecio o sabor... Minh’alma aos poucos vai se aquecendo e uma paz há muito tempo não sentida chega e junto lembranças saudosa de um passado longínquo.
Não podemos afastar para sempre todas as pessoas que de alguma forma tenha atravessado pela nossa vida. Um dia sem mais nem menos está lá. Parece um filme desenrolando cenas boas ou ruins. Hoje é um dia típico desses momentos.
Sabe, trabalhei certo tempo numa boutique e aprendi muita coisa sobre moda, artigos finos e importados. Mas também foi aí que fiz muitas amizades. Nesse período pude participar de um interessante e maravilhoso grupo de Teatro. TESE. Teatro Experimental do SESC, no estado do Rio de Janeiro.
Vivi nessa época a década de 70, amada e odiada ao mesmo tempo. Era da censura onde até nossos pensamentos eram cerceados. Ditadura instalada e sua força autoritária tinham muitos significados. Nesse terrível tempo também perdi alguns amigos. Afinal não se constrói uma nação livre e soberana sem que a história seja contada omitindo as intenções travestidas que serve para esconder adjetivos pomposos como democracia, nacionalismo, liberdade.
Tive também momentos de alegrias que nem mesmo o corte da censura no texto de uma peça de grande valor como Tiradentes Brasil Opus 72, de Girlan Miranda, não deixou de ter o sucesso merecido na I Mostra de Teatro no Brasil. Afinal nem sempre cada vez que um justo grita um carrasco vem calar...
Época de amigos como Walter, Mariozinho, William, Amaury, Paulo Marcio, Nancy, Kátia, Lacy, Ana Maria, Maria Helena, entre tantos outros, Walmir. Este vestiu a camisa do Projeto Rondon e se foi. Estudou medicina e há muito tempo não vejo falar dele... Acho que este texto começou porque entre meus pertences encontrei um cartão postal que ele me enviou de Manaus, pois é, naquele tempo não havia tanta tecnologia, daí trocávamos correspondência assim, pelos correios e telégrafos...
Amigos. Fáceis de amar. Amor. Sentimento que nos permite a felicidade seja na presença ou numa simples lembrança. Porque além de tudo é uma atitude interior que se expande como acontece com o próprio ar, que a tudo e a todos vitaliza.
06 de fevereiro de 2010