A Bíblia é a Palavra de Deus?
É importante discutir sobre esta definição de Bíblia como Palavra de Deus, ou seja, há uma situação de fronteira nessa afirmação. Diríamos que ela não é errada, mas inexata. Significa falar daquilo que é a grandeza da Palavra de Deus e da sua inalcançável posição. Afora o tema da encarnação dessa palavra (que é a realidade cristã), o que fica é exatamente a noção de que não se pode compreender (etimologicamente falando: conter em si, em sua natureza; estar ou ficar incluído; abranger) a Deus e a Sua Palavra. Sobre a Palavra Dele balbuciamos, sobre a sua realidade, desconhecemos. Agostinho avisava, mais ou menos com essas palavras, e faço a citação de memória, “se o compreendemos, Ele não é Deus”.
Isso se liga a uma outra questão muito importante para nós que visitamos a Filosofia e a Teologia e nos deixamos visitar por elas: a tradução. Este é um tema de não poucas páginas e o será ad infinitum. Quando será possível verter para uma língua o que uma palavra significa em outra? Em tese, nunca. Atrás da palavra tem muitas outras coisas. Existem dados culturais e históricos que, para dizermos de um modo raso, tornariam anacrônica a própria palavra traduzida.