Primeiro Amor

Lembra-te, pois, de onde caíste, e arrepende-te, e pratica as primeiras obras; quando não, brevemente a ti virei, e tirarei do seu lugar o teu castiçal, se não te arrependeres. (Apocalipse.2:5)

Ao longo dos anos após inúmeras conquistas e vitórias, apenas nos esquecemos. Nos permitimos deixar de observar aquela que deveria ser a primícia de nossa existência, a fé. Vejo inúmeras pessoas, dentre as quais também me percebo, renderem-se ao processo enfadonho que pressupõe a morte física-espiritual: a vida longe de Deus.

O apóstolo João, no "seu" evangelho , nos faz referência do amor de Deus apontando-nos para o sacrifício de Jesus, seu único filho até então, a fim de nos reaproximar de sua presença, visto que estávamos destituídos dela por conta do pecado que em nós habitava. Nesse caso o sacrifício serve como prova, garantia de amor. "Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna." (João 3:16). Esse mesmo amor norteador que deu Jesus para morrer pelos destituídos, devolveu-o aos braços de Deus Pai. O amor de Deus por nós fez com que Ele entregasse Jesus à morte, e esse mesmo amor arrancou-o dela. Fato é que o pai amava Jesus. Não suportaria ficar longe dEle. A morte foi um período de distanciamento entre o Pai e o filho. Já na cruz esse processo se iniciava, e ambos sofreram por conta disso, mas nenhum desistiu. Foram até o fim porque tinham um propósito: trazer o homem de volta à Deus.

Deus é um bom Pai. E quem é pai, ou mãe, ou tem algum afeto por alguém sabe que a ausência gera saudade; a saudade provoca dor; a dor faz sofrer quem a sente. E creio que foi por senti-la que Deus resolveu agir. Ele aceitou ficar longe de Jesus para não ter de ficar mais nem um minuto longe de mim e ti. Ele abriu mão de um para resgatar todos os outros. Foi por meio do sacrifício de Jesus que Ele nos trouxe de volta à sua presença. Se crermos nEle, e no que fez, temos acesso garantido ao trono de sua graça. É esta que nos torna aptos a desfrutar plenamente de seu amor, sem o qual não podemos mais viver, pelo menos não plenamente. O que nos é cabível nesse aspecto é a prática do que nos diz João, mas agora no livro de Apocalipse: "Lembrai-vos pois de onde caíste..." (Apocalipse 2:5)

Depois de tudo que Deus fez para nos reaproximar, nos reerguer de volta, nós caímos. Deixamos de observar sua palavra, de desfrutar sua presença, de percebê-lO. Permitimos que nosso ativismo nos galanteasse com promessas de vida melhor, abundante, próspera, cheia de gozo e conquistas. Permitimos que nos enganasse nossa vaidade, deturpando todo aprendizado adquirido por meio de tudo aquilo que Deus fez, faz, disse e ainda diz.

Fomos seduzidos, mas nos deixamos seduzir. Fomos enganados, mas nada se daria sem nosso consentimento. Logo, é de suma importância que nos lembremos, primeiro de onde estávamos, depois de como fomos postos ali. Custou sacrifício nossa recolocação ao posto de Filhos. Foi árduo o processo de adoção. Hoje não mais o pecado nos habita, mas Cristo! Não somos predestinados à morte, mas à vida eterna. Não somos mais pecadores. Deus nos chama de Filhos.

João nos adverte em Apocalipse 2:5 sobre a necessidade de nos "lembrarmos" a fim de que nos arrependamos depois. O resultado parece óbvio: ao percebermos que deixamos de viver como filhos do Rei para perambularmos como zeladores de porcos, o próximo paço tem de ser o arrependimento.

Sabendo disso, e crendo antes, voltemos ao primeiro amor. Onde tudo, na verdade, começou.

Paz.

Hudson Rafael Campos

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Enviado por gerafamintos em 09/04/2010
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