APELO (III) - As cinco ilusões do amor

A coragem compulsiva e controladora aflora em minha pele fria e mórbida.
Ouço uma breve voz que chama, que espera e clama por mim.
Eu ando mais depressa, mas já sei que não chegarei jamais...
Talvez o chegar não se faça possível a mais ninguém e eu apenas componho o grupo dos esperançosos.
Se, eu mentir sobre o desespero e a dor que sinto em meu corpo esmagado ao chão, levaria um tempo extra tentando me convencer que não estou apelando para algo maior. Talvez um milagre.
Eu quero, eu busco, eu desejo. Eu enfraqueço e emudeço minha face, pois tais ações só trazem a angustia e a solidão já anunciadas.
Uma música triste toca repetidamente e eu me agarro em orações vazias. Cheias de apelos...
Minha intenção já não basta. Minha fé não me convence mais.
Onde te perdi?
Onde foi que dissolvi minhas vontades próprias e transformei-as em contradições pessoais e conflitos internos? Onde?
Este desespero constrangedor me leva a um estado profundo de cansaço.
É como se a guerra acabasse de ser perdida e nada mais pode ser feito.
… lá fora tudo esta estático.
A dor já ultrapassou o limite da carne e agora domina a minha mente.
Faço um louco esforço para manter o controle. Em vão.
Desejo com todas as forças que tudo mude de novo. Imploro até.
Lagrimas já não consolam o inconsolável...
Levanto-me lentamente. Limpo meus pés e observo o vento.
Numa ultima tentativa grito seu nome. Em vão.
Permito-me prantar mais... acalmo-me.
Acolho meus devaneios e deixo (finalmente) você livre para partir de mim.
Olho de novo lá fora e um novo dia sorri para mim.
Apago as luzes e fecho os olhos.




Nota da autora: aguardem.

Carmen Locatelli
Enviado por Carmen Locatelli em 08/04/2010
Reeditado em 26/04/2010
Código do texto: T2184848
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