ESPERA (I) - As cinco ilusões do amor

Você esta logo ali e eu me afundo em inércia.
Despedaço-me em incertezas e corro para longe como o guerreiro Gnu*.
Sou presa fácil. Nem presa sou!
Olho para o lado (e quem não olharia?) e disfarço de mansinho.
Aos prantos adormeço afogada ao medo e longe de seus carinhos.
Lembro-me do começo... (faço uma aposta?) de seus olhos quase fechados.
Olhos que olham para o tudo, menos para mim. Talvez nem olhem...
Descontinuo sem manobras. Por horas fujo, por outras me desconheço.
Em alguns momentos desapareço. Morro e sei que isso é só o começo.
Olhe para mim. Olhe mais de perto.
Encontre motivos. Faça-se presente.
Esteja apenas... aqui.
E você (inocente e sutil) continua ali...
… onde todos estão.
Onde as possibilidades te abraçam e beijos nada puros te desejam.
Estas nu diante de presas fáceis. Consolos distintos.
Garoto... o amanhã é tão cruel como sua instigante presença em minha vida.
Aprendi com o som do seu sorriso e o brilho de seu olhar.
Aprendi a não te esperar.
Não esperar nada além de suas mãos macias tocando meus pés de leve.
Por um ou dois intermináveis minutos...
Só assim aproveito e mesmo sem jeito toco sua mão com a minha.
E com medo de não saber disfarçar e logo me entregar invento mais uma desculpa...
… para mais uma vez te deixar.

“Se mil esperar devolvessem meu sono, se me tirassem do abandono,
ai sim acreditaria ser possível de esquecer. Esquecer o que antes e agora inundou meu ser”


NOTA DA AUTORA: aguardem.


*Nota especial: Gnu  é um grande mamífero do gênero Connochaetes que vive no continente africano. É da família dos bovídeos. Pode correr até 80km/h para fugir de seus inimigos.

Carmen Locatelli
Enviado por Carmen Locatelli em 08/04/2010
Reeditado em 08/04/2010
Código do texto: T2184791
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