Zoofilia Erótica Versus Desejos Reprimidos
Prólogo:
A leitora Cláudia Heloísa, solteira, 21 anos, estudante de medicina veterinária, residente no município de Ribeirão das Neves – Região Metropolitana de Belo Horizonte - escreveu-me uma mensagem na qual conta seus sonhos.
Apesar de ser uma moça bonita, bem aquionhada financeiramente e socialmente bem relacionada em sua comunidade, considera-se uma sonhadora melancólica por não compreender o significado da maioria dos seus devaneios que os considera estranhos.
Claro que não discorrerei aqui os sonhos mais fortes e erotizados pela explosão dos seus hormônios em ebulição pela sua pouca idade, mas afirmo que na maioria dos casos um sonho erótico ou de cunho sexual, com pessoas e/ou animais, não é nada com que se alarmar - se acontece raramente. Não se esqueça: Somos o que pensamos ser e sonhamos com o que consciente ou inconsciente desejamos fazer!
Se os sonhos vão de encontro a sua tradição religiosa, familiar ou cultural apenas "escolha" não pensar e não permita que isso penetre em seus pensamentos. Talvez um psicólogo melhor possa avaliar esse raciocínio de premissas alternativas, contraditórias e mutuamente excludentes, mas que fundamentam uma mesma conclusão (dilema).
Se você se pegar sonhando esse tipo de sonho constantemente, eu sugiro que você procure realizá-los, se isso for possível, com quem confia e possua discrição suficiente para partilhar esse segredo. Claro que não se poderá resolver um problema fugindo dele! O amor entre os seres da mesma espécie é lindo e como tal deve ser vivenciado de forma intensa, discreta e responsável.
É evidente que a zoofilia erótica é um caso de psiquiatria patológica e como tal deverá e poderá ser tratada. Se seus sonhos são estranhos, cheios de imagens sexuais, com animais que falam ou fantasmas do passado, os prováveis responsáveis são a progesterona que corre cada vez mais pelas suas veias, a ansiedade e a apreensão com as existências passadas e a que ora vivencia.
Não há muita coisa que você possa mudar nesse campo intangível. Certamente não foi à toa que você escolheu cursar medicina veterinária.
Tentar conviver o melhor possível com esse mundo virtual parece-me ser, no momento, a mais adequada decisão. Alie-se aos seus sonhos! Conviva bem com eles! Partilhe-os com alguém de sua inteira confiança! Uma boa terapia é você começar a registrar seus sonhos, escrevendo-os e fazendo um diário.
Em um momento oportuno conte para seus amigos e amigas, namorado, noivo, amante, esposo, familiares, o sonho do dia. Não se surpreenda se algum dos seus confidentes lhe segredar que ultimamente também anda tendo sonhos e que os considera muito esquisitos, talvez bizarros.
Acredita-se que houve uma época, em que os humanos ficavam cercados de animais e reconheciam o parentesco com eles. Os animais possuem forças espirituais assim como os homens. A Simbologia animal está profundamente gravada no inconsciente coletivo da humanidade. Herdamos sentimentos e recordações inconscientes que condicionam nosso comportamento consciente.
Nos nossos sonhos aparecem muitos animais, os chamados animais oníricos. Algumas vezes os animais são encontrados no habitat de quem sonha, e também, às vezes, nem são deste mundo. Está rindo do que estou tendo coragem de lhe escrever? Ria! Considerar-me-ei feliz pela dádiva de fazê-la sorrir como uma criança contente.
Não esqueça, porém, que geralmente as pessoas se assustam com sonhos de cobras, mas as cobras representam também a cura, a medicina. Sonhos com animais são benéficos, mas algumas pessoas gostam de avaliar apenas os lados negativos e não estudam as qualidades que os animais representam.
O xamanismo classifica os sonhos em pequenos sonhos e os grandes sonhos. Os “Grandes Sonhos” são os que aparecem repetitivamente e também os que são tão reais que parecem realidade, aqueles que sonhamos como se estivéssemos acordados. Os xamãs dão atenção aos grandes sonhos e são tratados como uma comunicação do animal de poder.
Stephen Larsen tem uma amostragem de mais de três mil sonhos contendo animais, entre eles pessoas que se transformavam em animais. Ele relata que por vezes, pessoas que sonham que são picadas por cobra têm estranhas alterações de consciência no sonho, provocadas pelo veneno.
É importante notar que o veneno de cobra também é usado como remédio (Lachesis) e era sagrado para Esculápio, o deus da Cura.
Quando nos sentimos acuados, em situações perigosas, e reagimos instintivamente, nosso instinto animal vem à tona, e somos dotados de maior força física e agilidade. Inconscientemente reconhecemos a força e o poder dos animais e usamos termos tais como:
Ele (Ela) é esperto como uma raposa!
Realmente ele (ela) é um cobra no futebol!
Quando é contrariado vira uma onça!
Tem memória de elefante!
Ele (Ela) é a ovelha negra da família!
Ele (Ela) chegou à idade do lobo!
Qual o Porquê da frase: O cão é o melhor amigo do homem? Quantas histórias conhecemos, de animais indo ao auxílio de seres humanos em perigo? Como golfinhos que salvam marinheiros prestes a se afogarem, cães e cavalos, que conduzem pessoas a lugares seguros? E, o incrível pombo-correio? Isso implica que nossa mente individualizada faz parte de algo maior, infinitamente grandioso e incompreensível.
No Brasil em 1888, o Barão de Drummond para ajudar a manter o Zoológico do Rio de Janeiro, criou o famoso “Jogo do Bicho”, que tomou conta do país. São 25 bichos organizados em ordem alfabética e combinações de números em dezenas, centenas, milhares.
Hoje o “Jogo do Bicho” é considerado crime de pequeno potencial ofensivo (contravenção) pelas leis brasileiras, mas joga-se abertamente em todos os rincões de nosso imenso Brasil numa prova inconteste da ineficácia da lei.
Tarados (doentes sexuais) que se esfregam nas mulheres dentro dos ambientes apertados (elevadores, ônibus, trens, metrôs, filas, etc.) e embriaguez também é contravenção! As cadeias públicas não comportariam os que se esfregam nas mulheres e se embriagam por vício, doença e/ou quaisquer outras patologias não diagnosticadas.
Os símbolos animais também são utilizados em escuderias de equipes esportivas, como símbolo de nações (águia americana, tigres asiáticos, etc). Nos logotipos de empresas, em clubes, marcas de automóveis, na propaganda (comerciais de televisão, cinemas, revistas).
Em todos esses exemplos os animais são reverenciados embora não sejam respeitados dentro de seus próprios habitat. No cenário das fábulas, aparece em 620-560 a.C., Esopo, que reuniu centena de contos de animais, repetindo os padrões de comportamento humano.
Na verdade, todos os dados referentes a Esopo são discutíveis e trata-se mais de um personagem lendário do que histórico. A única certeza é que as fábulas a ele atribuídas foram reunidas pela primeira vez por Demétrio de Falero, em 325 a.C..
Esopo teria sido um escravo, que foi libertado pelo seu dono, que ficou encantado com suas fábulas. Ao que tudo indica, viajou pelo mundo antigo e conheceu o Egito, a Babilônia o Oriente.
Concretamente, não há indícios seguros de que tenha escrito qualquer coisa. Entretanto, foi-lhe atribuído um conjunto de pequenas histórias, de carácter moral e alegórico, cujos papéis principais eram desenvolvidos por animais. Na Atenas do século V a.C., essas fábulas eram conhecidas e apreciadas.
As fábulas que lhe são atribuídas sugerem normas de conduta que são exemplificadas pela ação dos animais (mas também de homens, deuses e mesmo coisas inanimadas). Esopo partia da cultura popular para compor seus escritos. Os seus animais falam, cometem erros, são sábios ou tolos, maus ou bons, exatamente como os seres racionais.
A intenção de Esopo, em suas fábulas, era mostrar como os seres humanos podiam agir, para a consecução do bem ou do mal. Assim como Homero, as fábulas de Esopo faziam parte da tradição oral dos gregos, por isso não foram escritas pelo seu suposto autor. Mais de duzentos anos depois da suposta morte de Esopo é que as fábulas foram reunidas e escritas.
O escritor russo Liev Tolstói escreveu adaptações livres de algumas fabulas de Esopo. O francês Jean de La Fontaine, no séc.XVII, foi conhecido como o maior historiador do mundo ocidental. Sua obra prima ”Fábulas” inspirada no mestre Esopo, mostrava a agressividade e a ignorância humana, através dos animais.
Os chamados contos de fadas, em pretérito remoto, não existiam apenas para crianças, mas também para adultos. No início eles não foram escritos para crianças. Encantavam mais ainda os adultos!
Vários historiadores como Irmãos Grimm, Monteiro Lobato, e outros, se inspiraram nos animais. Eis alguns desses escritos: O Gato de Botas, A Gata Borralheira, O Patinho Feio, O Rouxinol, A Pequena Sereia, A Bela e a Fera, O Leão e o Rato, Mamãe Ganso, Os Três Porquinhos, Mogli, o Menino Lobo, Bambi e Dumbo, Os Dálmatas, O Rei Leão e tantos outros assemelhados.
Por falta de espaço, na casa dos sonhos coloridos, crio apenas um cão e uma cadela. Hulk e Jade são, depois dos meus livros e sonhos, os responsáveis pelos meus modos, hábitos e costumes.
Ah! Se de fato eu pudesse criaria dezenas de centenas de animais das mais variadas espécies. Eles seriam meus mestres e me ensinariam o virtuosismo da lealdade incondicional. Feliz de quem tem pelo menos um animal de estimação!
Se você quiser se refinar atente para os ensinamentos silênciosos e primorosos dos seus livros e para a afabilidade leal e sem cobranças dos seus animais. Você será mais gente. Será mais humano. Terá menos chances de se tornar um pária deprimido e um infeliz sem rumo e/ou perspectivas de evolução.