Sobre a Dualidade
O homem é um ser de polos opostos e é nesta assimetria que talvez esteja o encanto do viver, pois há nesta contemplação um profundo deleite intelectual.
É preciso que “o oriente e o ocidente" do ser una-se num dado instante e que desta junção harmônica ressurja algo mais elevado que esteja para além do sim ou do não que há em nós e no contexto ao qual estamos inseridos, é este ponto que unifica, harmoniza e integra o
homem ao universo que o cerca.
Nesta contemplação do alto ele eleva-se.
É preciso haver a infelicidade para que haja a felicidade, pois quem não conhece o gosto do amargo jamais saberá o sabor do doce, uma afirmativa vulgar, mas que insere uma verdade para alguns, esquecida.
Esta sutil forma de estar e ser, esta polaridade em tudo o que nos atém,provoca-nos uma “impossível quietude”. E deste desconforto nasce o aprendizado.
Há tantas pessoas tristes quanto estrelas no céu. Há tantas estrelas no céu quanto pessoas felizes.
O homem descarta facilmente o objeto símbolo no qual projeta a felicidade, por isso em dado momento fica triste.
E tudo onde ele simbolicamente projeta a felicidade é descartável, pois é na busca do insondável que ele se supera, a felicidade é neste momento de fora
para dentro, quando deveria ser de dentro para fora.
O homem, infelizmente tão renitente mais aprende pela dor, é quando é mais testado que mais cria,sofre, e se fortalece, ou sucumbe.
Por que a dor, infelizmente, é o instrumento mais ao nosso alcance mediador de aprendizado.
Para nós há em todo o instante a luta entre o bem e o mal, somos Jó por momentos a questionar Deus, resta-nos entender que o mal só evolui por que o bem é tímido, isto longe de ser um consolo é nosso grito para avançar a despeito de qualquer senão que nos entrave o caminhar.
Para continuarmos sendo os mesmos, é verdade, é preciso recomeçar sempre.
Recriar os movimentos que nos impulsiona que nos move do agora em diante e não apenas do amanhã.
Somos naturalmente impacientes, não sabemos esperar, precisamos dos porquês.
Nietzsche diz: “que é preciso, é mais importante ao homem saber o nome das coisas do que conhecer a coisa em si”.
Nós temos uma enorme sede de porquês. E assim é possível entender que o aprendizado também reside na contemplação da dúvida.
Porque o sim ou o não de um questionamento é verdade ou menos verdade num dado tempo e espaço em que é considerado.
As respostas ao invés de saciarem fazem mais sede e é fato que o homem cada vez mais se especializa em aprofundar o que nada sabe!