Prólogo

Em uma parte qualquer do mundo ídolos levam uma juventude a loucura, provocando sérias mudanças de ordem comportamental na amplitude cultural do ser, do pensar, do vestir, do andar, do falar, do dançar , na iniciação sexual mais cedo e no uso indiscriminado das drogas. Em alguma parte do mundo as guerras estão provocando grandes destruições enquanto em outras,as doenças e a fome matam mais do que todas estas guerras juntas. Existem regimes totalitários assombrando as sociedades democráticas do ocidente,enquanto, nos chamados terceiros mundos, a juventude busca uma identidade livre com base na importação da cultura multinacional que confronta com o nacionalismo radical imposto de maneira cruel. Nos Estado Unidos da América, Elvis Presley dita a regra de um novo gênero musical que empolga uma gigantesca multidão de seguidores em todo mundo;Numa outra parte os garotos de Liverpool implantam ,também,uma nova ordem comportamental na Europa,enquanto a guerra do Vietnã está em alta escala de continuidade e, nas ruas dos EUA,as lutas do racismo continuam. A cada minuto um Martin Luther King pode estar sendo assassinado juntamente com um Kennedy;a cada minuto um Nelson Mandela pode estar sendo preso;a cada minuto a guerra fria pode estar criando armas mortíferas com o poder de destruição do planeta Terra em dezenas de vezes;a cada minuto o mundo sofre mudanças radicais de um processo evolutivo sem fronteiras e com consequências infinitas condutoras de benefícios e de malefícios.

No Brasil uma onda de assassinatos e prisões ilegais imposta pela ditadura militar golpista de 1964 ,que espalha o terror nas Capitais e grandes cidades do País. Nas ruas as pessoas clamam por liberdade enquanto a juventude musical se consola nos movimentos das batidas do rok in roll e nas batidas metódica da bossa nova.

Lá muito distante no interior da Bahia,alheio a todas estas coisas,o Rio Corrente vai serpenteando o seu caminho no sertão do gerais, passando pela Barra do São José, Barra da Dona Rosa e ,após receber as águas do Rio Formoso, seu último afluente,cruza as pedreiras e chega finalmente na Cidade de Santa Maria da Vitória. Nesta terra ainda é tempo das brincadeiras de roda ,de ter medo das mulas sem cabeças,dos lobisomens,dos negos d'água,dos curupiras, das velas transformadas em ossos nas lamentações na Semana Santa. Nas ruas da cidade em noites de lua cheia as garotas brincam de rodas, cantando as canções de cirandas, ecoando no ar as suas vozes meio rasgadas,enchendo os ouvidos dos adultos que batem papos diversos , sentados em cadeiras de couro e, ou em troncos de árvores,ambos colocados nas calçadas. Ao lado de cada poste de luz das ruas iluminadas,os garotos participam de disputas acirradas de uma partida de jogo de bola de gude,também enchendo os ouvidos dos adultos com suas gritarias infernais e,ás vezes, entre uma jogada e outra, algumas brigas vão surgindo e sendo apartadas pelos próprios jogadores. À medida em que as horas avançam,os adultos começam a recolher as cadeiras e a entrarem em suas casas e, nesta mesma toada, os garotos e as garotas também acompanham os adultos;é a senha para que todos se recolham e a partir deste momento o silêncio vai tomando conta da noite.Ao longe, de vez em quando, um latido de um cão abandonado quebra este silêncio que de tão intenso,chega a ser aterrorizante,assustador e horripilante. Entre realidades e fantasias, a cidade De Santa Maria dorme o seu sono dos justos aguardando o primeiro canto do galo despertando para um novo dia e continuar a sua caminhada rotineira com todos os seus personagens principais.

Do rascunho do Livro O Mundo de Areia

Jota Kameral
Enviado por Jota Kameral em 12/03/2010
Reeditado em 16/05/2010
Código do texto: T2134876
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