Leves Fragmentos Solitários - XV

Passei boa parte deste fim-de-semana praticamente à toa. Passei boa parte do tempo aqui, em frente ao computador, ora escrevendo, ora brincando de paciência. Mas a sua presença foi uma coisa tão forte, tão linda & tão delicada, que nem sei como não cometi nenhuma bobagem. Bem, cometi até uma. Liguei para você, pensando que estava sozinha & que poderíamos de certa forma, matar um pouco a saudade falando ao telefone. Mas você já não estava sozinha, & me senti denunciado. Isso me deixou preocupado por algum tempo. Em hipótese alguma quero que você tenha qualquer tipo de pressão por estar te ligando, ou mesmo, me mostrar muito próximo de você. Sei que pode parecer muita safadeza da minha parte, afinal, como já dissemos há muito tempo atrás. Temos um baita teto de vidro. Sabemos que não podemos extrapolar nossos limites, apesar de estarmos sempre na maior corda bamba. Esse limite é só mais um passo. E somos responsáveis por todas as conseqüências que podem advir desse passo. E de quanto mal podemos causar por causa disso. Mas ao mesmo tempo, temos uma atração muito forte, uma ligação tão linda, com tanto tesão, que ficamos excitados com todas as possibilidades que se apresentam à nossa frente. A Ilha, o Jardim, o Loft & sei lá mais o que possamos inventar para nossas fantasias. Estamos transformando a realidade em alguma coisa mais doce, mais palatável, mais agradável. Estamos passando por cima de formas concretas & comuns de se viver apenas a nossa vidinha, furtando para nós, momentos preciosos que não interessam a ninguém. Só a nós. Esse ponto de fuga, sagaz ponto de fuga, temerário por suas conseqüências, mas maravilhoso em sua plenitude. Nem sei por que tenho pensado tanto nisso. Não é nenhuma maneira de justificar tudo o que estamos fazendo ou sentindo. Talvez seja só por estarmos fazendo. Se bem ou mal, estamos fazendo valer o princípio de buscar, sempre, o bom da vida.

Peixão89

Leves Fragmentos – 1999-2000