Individualismo, Individuação, Individualidade e Individuo, em Filosofia
INDIVIDUALISMO, INDIVIDUAÇÃO, INDIVÍDUO, INDIVIDUALIDADE
O termo “Individuo” vem do Latim “INDIVIDUM” = corpo indivisível, ou que não pode ser dividido.
Significa tudo que forma, ou constitui, uma Unidade que não pode ser dividida, pois, se tal ocorrer, deixará de ter a característica fundamente (a integridade) que a caracteriza como tal. É um “Objeto Simples (não no sentido de complexidade)”; ou seja, inteiro, sem partes descartáveis ou substituíveis. Será sempre “um” e nunca “duas metades”, “quatro quartos” etc. Ademais é aquilo que pode ser “contado”, notado, ou percebido como diferente das outras Coisas que o rodeiam. Algo que tem características só suas, que o diferenciam dos demais.
Durante a Idade Média (e ainda hoje, embora com menos vigor) houve um grande debate de opiniões que ficou conhecido como a “QUERELA dos UNIVERSAIS”. Nesse confronto discutia-se se “Indivíduos” seriam apenas os ENTES PARTICULARES, Singulares (por exemplo: este Homem, esta maçã etc.), ou se, também, os “UNIVERSAIS1” (por exemplo: a brancura, a escuridão, a justiça etc.) poderiam ser considerados como Indivíduos.
1. RECORTE – Universais, neste contexto, é o termo que significa as qualidades, as características, as propriedades, as faculdades, as capacidades etc. que são inerentes aos membros de uma Espécie ou de uma Classe. E, até, a todos os membros do Universo.
INDIVIDUAÇÃO – ou o “PRINCIPIO DA INDIVIDUAÇÃO” é quando o Individuo assume características que são apenas suas; e que, por isso, torna-se diferente, ou se distingue, das outras Coisas ou Seres da mesma Classe ou da mesma Espécie. Como já se mencionou acima, durante o Período em que a Filosofia Escolástica (Corrente Filosófica que surgiu a partir da Patrística, a qual, por sua vez, era a filosofia dos Padres da Igreja Católica dos primeiros tempos. A principal característica da Escolástica era a intenção de conciliar os dogmas da fé com o Raciocínio ou Razão) atingiu seu auge discutia-se o “quê” exatamente diferenciava um Individuo dos seus semelhantes. Seria apenas o material (a matéria) de que tal individuo era feito, ou outra característica formal (no formato, ou abstrata), ou a sua Essência? Desnecessário dizer que a questão nunca teve uma resposta definitiva, conclusiva. O fato é que a “Individuação” sempre teve importância na Filosofia e na Modernidade ganhou novo fulgor com sua utilização no Sistema Filosófico chamado de “Existencialismo*”.
INDIVIDUALIDADE – é justamente o resultado do Processo de Individuação; isto é, é aquela característica (ou o conjunto delas) que torna o Individuo único, diferente de todos os outros, mesmo em relação aos que são de sua Classe ou Espécie. Individualidade é aquilo que é próprio de um único Ser ou de uma única Coisa.
INDIVIDUALISMO – é a Doutrina que valoriza o Individuo acima de tudo. E o valoriza, sobretudo, em relação à Sociedade ou à Comunidade da qual ele faz parte. É a Tendência Filosófica que trata o Individuo como o “Valor Supremo”, ao qual tudo deve se curvar, e que se subdivide em:
1. No Campo da POLÍTICA – é a Escola Filosófica que prega que o Estado e a Sociedade tem por obrigação principal zelar pelos interesses de cada um de seus membros, ou Indivíduos. Quer se refira à sua Segurança, quer se refira à sua Liberdade, e tanto quanto possível, à sua Felicidade. É um Sistema de Pensamento que se associa claramente com o Liberalismo*, enquanto faz ferrenha campanha contra as teses que defendem a primazia da Sociedade, do Estado (tidos como repressores) em detrimento da do Individuo. E nos casos em que tais oposições frutificam, o resultado é a instauração do Regime de Governo chamado de Anarquismo*.
2. No Campo da ÉTICA – é idéia, ou a noção, ou a tese de que os Valores Éticos são criados pelos Indivíduos e que, por isso, projetam ou exteriorizam seus ideários sobre o que é Certo ou Errado. Por isso, aliás, que alguns Indivíduos prezam mais alguns Valores que outros, enquanto que o mesmo acontece com outros Cidadãos. Desse modo, alguns consideram que a “Honestidade” é uma Virtude, embora outros a considerem apenas um dever. Alguns privilegiam a “Sinceridade”, outros a “Sutileza” etc. Porque foram feitos por Indivíduos diferentes, cada qual se apega mais ao que lhe parece mais valioso.
3. No campo da MORAL – o Individualismo torna a se repartir em três divisões:
a. HEDONISMO* (antigo) – propunha que cada Individuo perseguisse a satisfação de seus desejos, sem se limitar pelos interesses dos outros. Nessa subcorrente encontram-se filósofos célebres como ARISTIPO e EPICURO, mas em relação a esse último, os estudiosos divergem, pois ele pregava a busca do Prazer, do Bem através da Virtude e não a satisfação dos desejos a qualquer custo.
b. INDIVIDUALISMO IGUALITÁRIO – Idéia ou a Concepção Ética e Política de que a Sociedade só existe porque os Indivíduos a criaram quando se uniram em busca de maior proteção e abundância de comida através da caça de animais maiores. Então, por isso, todos os Indivíduos devem ser considerados e tratados da mesma forma, haja vista, que todos foram criadores, ou mantenedores, da Instituição “Sociedade”. São ROUSSEAU (JEAN JACQUES, 1712/1778, franco suíço) e sua obra monumental “O Contrato Social”, os ícones dessa vertente.
c. INDIVIDUALISMO LIBERTÁRIO – é a Tese que exalta a “Revolta Individual” ou a “Revolta do Individuo” contra as Instituições, sejam elas Políticas, Sociais ou Familiares. Também exalta a recusa sistemática de obedecer a qualquer tipo de Autoridade. O filósofo STINER (MAX 1806/1856, Alemanha) floresceu nessa Corrente, dentre vários outros. Contudo, é uma tendência que para alguns eruditos, não deve ser considerada Filosófica, pois essa Rebeldia estaria mais ligada à certa idade cronológica nos Homens; mais precisamente a adolescência, época em que a agitação dos hormônios exteriorizam reações de contestação indefinida. Claro que existem as exceções, mas essas não seriam suficientes para fazer dessa Corrente, um Tendência definitiva.
d. O individualismo ARISTOCRÁTICO – que teve em Nietzsche (1844/1900, Alemanha) seu mais célebre expoente. É a rejeição à idéia de que todos os Indivíduos tem o mesmo valor e sejam merecedores dos mesmos direitos ou privilégios. Para Nietzsche – e tantos outros, explicitamente ou não – cada Individuo tem suas características que o tornam mais ou menos “nobre”. Por essa perspectiva, ou ponto de vista, os benefícios NÃO podem ser igualitários, até para que não se promova a letargia, a inaptidão, a covardia, a ,negligência etc. Vários Pensadores – sinceramente ou não – associam essa visão com o Eugenismo* no seu sentido pejorativo. Outros estudiosos, com a simples “meritocracia” Capitalista e outros com o fato natural de que “o leão mais forte, come antes e mais do que os mais frágeis”.
As posições acima, mais outras do gênero, seriam responsáveis pela propagação de idéias racistas, egoístas etc. O fato é que tal proposição já existia na mais remota Cultura do Mundo, o Hinduísmo. Na Índia, o Sistema de Castas (ilegal, mas de uso rotineiro) tenta reproduzir o que se observa no Universo, onde existem Corpos Celestes “superiores e inferiores”, ou na própria Natureza que ostenta formas de Vidas “superiores e inferiores”.
É uma Tendência que está entranhada e é inerente à Natureza Humana e que só não é plenamente explicitada por restos de Valores Éticos e, principalmente, por medo das represálias que a Sociedade impõe a todos que ousam pensar (ou se manifestar) diferente dos demais. Porém, o atual apego à aparência física, ao Consumismo, deixa claro que nem mesmo o que restou da Ética ou do medo dos castigos sociais são suficientes para tornar o Homem um Ser diferente do que é.