Eu não odeio filosofia (como eu poderia?)

Dizem que odeio filosofia. Na verdade, odeio os pseudo-filósofos que ficam citando os filósofos famosos, de maneira superficial e inconseqüente.

A quantidade de gente que cita Nietszche é enorme, já que este sequer é um filósofo coerente, sendo apenas um caga-frases do tipo biscoito da sorte. Este eu odeio realmente, pois, como se diz, é possível fazer um excelente artigo filosófico sem citar Nietszche. Com já o citei, me condenei ao fracasso!

Na verdade, eu não odeio a filosofia, apenas não vejo, hoje, no século 21, grande vantagem em ser filósofo, que por definição é aquele ser que reflete e estabelece princípios acerca da realidade, do universo, do ser, da lógica, do conhecimento, da cosmologia. Um amigo da verdade. Com o aquecimento global nos fritando os miolos, é fácil ver que todas as filosofias falharam em sua reflexão acerca da realidade. E que o nosso futuro depende exclusivamente da ciência, essa atividade metódica, paciente e social, exercida por toda a humanidade, isto é, a parcela “não-idiota” dela.

Não, eu não odeio a filosofia, apenas reconheço que a sua importância social está condicionada pelo papel ideológico que ela desempenha, ou como substrato à produção científica. Tirando isso, a filosofia não serve para nada.

Assim, a filosofia de Platão, por exemplo, foi importante, via Aristóteles, para dar embasamento à igreja católica e ao seu domínio político por mais de 1000 anos. Foi muito difícil tirar a Terra do centro do universo, apesar das evidencias cientificas, e quando ela finalmente saiu, o poder da igreja começou a ruir.

Da mesma forma, a filosofia de Marx é importante por dar apoio ao sistema comunista de organização política, e a derrocada da União Soviética, sem dúvida, lança nuvens negras sobre a filosofia de Marx, renovando as filosofias adversárias idealistas de Nietszche a Heidegger , pois sabe como é, um sistema político que pratica a igualdade social, o estatismo industrial, quenão tem religião oficial, que estimula o ateismo, só pode gerar mesmo o hoirror à direita aristocrata e elitista. Logo é bom que existam filosofias bem obscuras e tacanhas para combate-lo, como pode ser visto no seguinte endereço, onde o eterno retorno de Niettzsche aparece como alternativa ao historicismo de Marx.

http://www.eternoretorno.com/2008/07/12/nietzsche-contra-marx-e-hegels-materialismo-e-historici

Já a filosofia de Nietzsche e de Heidegger foi importante por dar apoio à formulação das políticas nazistas de Adolf Hitler, e consta que cada soldado nazista carregava um livrinho com excertos de Nietzsche para inspirar-lhes o trabalho de “depuração” da humanidade, que eles tão bem executaram, até que tivessem a asinhas cortadas pelos soviéticos, salve, salve.

E, com isso Niezsche e Heidegger podem ir para o cacete! O estudo da filosofia na URSS nem sequer os citava.

Por outro lado, o imenso território da China continua semi-comunista, e consta que filósofas soviéticas brigaram com Mao-tse-tung, pois este tinha o raciocínio deformado pela tradicional filosofia chinesa, onde a dinâmica taoista do yin-yang substitui com muito sucesso a dialética de Hegel e o materialismo-dialetico de Marx.

Mas sendo a filosofia uma tosca ciência iniciada na Grécia antiga, esquecendo-se a existência da China e Índia, vemos que todas as civilizações ou grupos sociais têm essa necessidade de explicar a formação do mundo (cosmologia), o conhecimento (lógica e teoria do conhecimento), a origem dos homens e etc. E todas resolvem os seus problemas com a criação de mitos e com teorias diversas acerca do universo.

Marx coloca muito bem que todas as escolas filosóficas podem ser englobadas em dois grandes grupos: As escolas idealistas e as escolas materialistas. Mas isso fica pra outra vez.