Na boca do tempo...

No escorrer das horas vou rasgando as paredes, respirando fundo ... adentrando o concreto que me guarda e demove as feridas da minha cura. A Arte que afeta é Cura!

Muito tenho atestado sobre o poder que cada um possui sobre si mesmo no ato de transcender as suas incongruências... e "inconcretudes". Pois, tempo é arte!

A ampulheta?

Trago impressa no corpo, e por ela deixo escoar, pacientemente, a amplitude do som, nas cores que vestem o mundo onde capturamos os circuitos cruzados dos impulsos que imprimem a dita realidade... e re-configuramos nossos sentidos!

Com os olhos pousados nas asas da psique a menina abre os braços e enlaça as primeiras gotas do pensamento: gotas que contém a si mesma e onde o Universo está contido. Ela bebe... engole... mastiga a fome... re-elabora a sua sede! E suavemente atravessa a parede mergulhando no abismo, que se abre no acontecimento do debruçado horizonte, banhado de nuances azuis, violetas e magentas... visceral é esse encontro! A única fonte fidedigna de calor, alegria, promessa e desejo...

Destarte, os rumos são marcados como códigos que ela imprime no pseudo-corpo do pensar. E vestida de assombro assume a poesia que a guarda da solidão “prometéica”...

Na agudeza das ventosas que se abrem dos tentáculos dos dias, onde a imagem do mitopoética de "Garuda" empodera com a luz da beleza, amorosidade e criação as autorias de cada um de nós.

Assim, o mito permite a ação das brilhantes escamas eriçadas da agonia, nessa dança de sermos o Caos beijando o Cosmo!

No próximo e incólume momento desvelo-me d'alguns anseios... acolho as intempéries e sorrio na efervescência dos intentos.

Serão meus, os passos, que colho marcados nas areias desse tempo?

Seilla Carvalho
Enviado por Seilla Carvalho em 18/02/2010
Reeditado em 09/05/2012
Código do texto: T2094423
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