Desabafos Solitários - LXXXVII
Ao som dos Guns’, sempre fica mais interessante encerar uma noite. Principalmente, quando se tem a certeza de um belo dia de trabalho, mesmo com os inúmeros problemas causados pelos idiotas de plantão, que não fazem outra coisa senão atrapalhar o bom andamento do seu trabalho. É ótimo encerrar o dia sabendo que uma pessoa em especial ficou muito feliz por meia dúzia de palavras mal-escritas. É melhor ainda saber que essa pessoa na noite anterior ficou tão satisfeita, que chegou em casa entregue pelos poucos momentos de prazer que pude oferecer, & olha que não era no melhor lugar do mundo. Mas mesmo assim, ficou satisfeita & plena pelo prazer recebido. Isso é lindo. E como me engrandece & me envaidece. Seus elogios, suspeito, se devem ao grande carinho que sente por esse escriba rabugento. Penso sempre se sou merecedor de tanto, pelo tão pouco que ofereço. Pois ela merece muito, muito, muito, mas muito mais. Quem sabe um dia, possa recompensá-la com tudo que ela realmente merece.
Porra, duas músicas seguidas do Raimundos é realmente do caralho. Mulher de fases e aquela “fui num puteiro em João Pessoa, descobri que a vida é boa, foi a minha primeira vez...” & olha que está tocando mais. E isso me leva para o show que assistimos naquela cidade. Agora é aquela da Madonna, sei lá o nome... E que noite maravilhosa. Um verdadeiro orgasmo literário, como um brinde dos deuses para recompensar todo o esforço que tivemos, todos os problemas que suplantamos, todas as bobagens que ouvimos, bem como os milhões de sapos que andamos engolindo nos últimos anos.
O show, à noite, a viagem tanto de ida com de volta, serviu como bálsamo para curar tantas feridas & sedimentar essa super amizade, esse super carinho, esse múltiplo tesão que temos um pelo outro.Acredito até que se não tivéssemos a vida mais ou menos dentro de uma certa ordem, estaríamos estabelecendo algo muito louco.
Nossa, a rádio está socando um show dos Raimundos. Está tocando outra, & reforça ainda mais a lembrança desses momentos, que com certeza, serão inesquecíveis. Momentos que pontuarão para sempre os nossos destinos. Cada vez mais aberto para esse novo que se descortina bem a nossa frente. A Patinha até me mandou um novo texto que eu vou transcrever na seqüência. Mas enquanto estiver tocando o show, vou aqui colocando estas & tantas outras impressões, daquela noite & de tantas outras que vivenciamos de forma sempre especial. A mão direita está meio baleada pelo esforço dos últimos meses, mas vou forçando a natureza & batucando no teclado do computador, com uma puta dor, registrando esses devaneios. Sei que ela merece essa atenção. Merece muito mais que isso, mas nesse momento, é tudo o que posso oferecer. Gostaria de estar com ela aqui, ao meu lado, toda nua, límpida & lívida, para esfregar suas costas, massagear suas costas, sua pele macia & carnuda, vendo se arrepiar com o leve toque dos meus dedos, delirar com cada estocada nos “Bálcãs”, com ela diz, vendo ela se excitar até perder o fôlego, & poder trepar de todas as formas & gostos, em orgasmos múltiplos, encharcados no nosso suor sexual, intelectual, puro afrodisíaco, até nos largarmos exaustos em qualquer canto da casa, agarrados, emaranhados, aninhados. Ah! Céus, que loucura. Ela me questiona porque cito que sempre falta alguma coisa, ou que aponto erros. Talvez seja isso que realmente nos falte. Por mais que, dentro dos nossos limites, nos satisfazemos, sempre faltará um algo a mais, sempre. Um dia...
Peixão89
Desabafos 2 – 1999-2000