Mergulhos
Não tenho certezas absolutas.
Elas navegam em águas turbulentas que batem nas praias em forma de espumosa marola....
transparências que se desmancham em águas e areias.
Não aprendi a usar algumas máscaras que me protegeriam nestes mergulhos.
Mas me esforço sempre para aprender o valor das coisas , o essencial e o mais profundo , o necessário e o imprescindível...às vezes, o impossível.
Nadar sem rigidez é uma constante, mas se faz presente quando em resposta .
Dou descontos infindáveis a predadores
e procuro entender mais profundamente
o por quê de certos atos, numa forma de imolação.
TenTo descobrir.
Procuro no fundo de cada ser a sua essência que me permita compreender e amar.
Procuro incansavelmente a caça , não com arpões, facas afiadas mas como um mergulhador viciado à procura de sua arraia, somente para admiração.
Que enfrenta o frio gélido das águas , profundezas perigosas e quase nem as sente.
Entrego-me e assim entregando-me encontro nem sempre o que esperava .
Volto a mim refaço-me ,debato-me ...jogando-me novamente nestas águas profundas .
Mergulho por que sei que lá estão os
mistérios que nos trazem o poder da compreensão e do amor.
Porém , muitas vezes , estão trancados em baús com chaves enferrujadas pelo tempo, iodo e sal .
Tesouros irresgatáveis .
Não tenho as ferramentas adequadas.
Grande ansiedade , como se soubesse que ali existem as mais belas jóias trancadas para uma eternidade que somente um ser superior e sábio poderá possuir.
Não eu !
Desisto.
A desistência traz junto uma sensação de derrotada impotência.
Por isso me refaço e mergulho novamente.
Até que um dia voltar à superfície não será mais necessário e mergulhar ,
um verbo no passado.
(2001)