Onças atacam rebanho

A predação de gado por onças-pintadas (Panthera onca) e onças-pardas (Puma concolor) sempre foi motivo de muita polêmica entre agropecuaristas e ambientalistas.

O Brasil é um país agrário por vocação, pois é dotado de extenso território, ótimo clima e condições de solo favoráveis para a agricultura e pecuária. Isso é tão verdade que atualmente nosso país é um expressivo produtor de grãos e cereais e é detentor do maior rebanho global de gado bovino criado para comercialização.

Nas últimas décadas o rebanho brasileiro tem crescido vertiginosamente, chegando recentemente a ocupar muitas áreas onde até pouco tempo atrás a natureza está praticamente intacta.

Muitos agricultores e pecuaristas migraram das regiões Sul e Sudeste para o Pantanal e a Amazônia, transformando a floresta em áreas de pastagem e de cultivo. Assim, nessas localidades em que os hábitats naturais e as presas das onças foram reduzidas é comum o ataque aos rebanhos. Na verdade, podemos dizer que na mesma medida em que o rebanho vem crescendo tem aumentado também o ataque das onças.

Em geral, quando um fazendeiro começa a sofrer perdas em seu rebanho ele logo coloca a cabeça da onça a prêmio, estimulando a caça ilegal.

Os empresários do agronegócio gostam de dizer com muito orgulho o quanto seu labor contribui para a economia nacional. E, não é raro, entrarem em conflito com ecologistas que criticam essas atividades produtivas dizendo que o modelo de desenvolvimento baseado no agronegócio é predatório e danoso ao meio ambiente.

De acordo com o Instituto Pró-Carnívoros, a perda de hábitats e o contato próximo com animais domésticos podem causar uma convivência forçada entre onças com animais domésticos e, consequentemente, o uso destes como presas. Para solucionar tal problema, eles recomendam que os fazendeiros tomem algumas medidas para evitar o ataque das onças, como por exemplo: cercando a propriedade com telas bem resistentes; instalando cercas elétricas; e fazendo o manejo do gado (recolhendo os animais no período da noite para dentro dos currais e/ou para próximo das sedes das fazendas, mantendo a vigilância com cães para afugentar os predadores).

Além disso, os ecologistas também defendem a criação de áreas especiais amplas e em diversos biomas para garantir a conservação das onças – que são considerados os maiores predadores terrestres do Brasil.

Outras propostas para solucionar esse problema são: a reintrodução de animais silvestres (caititus, veados, capivaras etc.) que são presas naturais das onças e tiveram suas populações reduzidas, forçando as onças a atacarem os rebanhos; e a captura e translocação de onças consideradas problemáticas.

Por outro lado, os agropecuaristas argumentam que na realidade é inviável a tomada das medidas sugeridas. Argumentam que tudo isso é oneroso e pode afetar o valor de mercado do gado. Em termos práticos é mais barato pagar para um caçador abater uma onça do que a tomada de medidas ecologicamente corretas. Ademais, um fator que reforça a caça desses animais é a idéia de impunidade, pois são raros os casos em que a fiscalização do IBAMA tenha punido um caçador de onças.

Até o presente não existem muitos exemplos no Brasil que sejam bem sucedidos em mostrar uma harmonia entre a criação de rebanhos e a conservação das onças.

Assim, infelizmente, o que se vê de modo geral é um imenso ringue tendo de um lado aqueles que preferem os bois, as ovelhas e as cabras em oposição aos ambientalistas que valorizam a proteção desses grandes felinos. E, é verdade que enquanto essa situação de conflito não mudar uma coisa é certa: a população de onças irá reduzir cada vez mais !!!

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Publicado no Jornal Mesa de Bar News, edição n. 350, p. 07, de 19/02/2010. Gurupi – Estado do Tocantins.

Giovanni Salera Júnior

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Giovanni Salera Júnior
Enviado por Giovanni Salera Júnior em 04/02/2010
Reeditado em 05/12/2011
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