Desabafos Solitários - XL

Outro dia, ao deitar-me na cama, sozinho para variar, resolvi ficar de barriga para baixo & me espalhar por inteiro na cama. Braços & pernas bem separadas, como se fosse um “X”. Mais que confortável, a sensação que me dava, era de estar abraçando você por inteira, tocando em cada ponta da cama, com as mãos, os seus ombros. Podia até sentir o seu cheiro, a sua respiração tranqüila & compassada, sentir o calor do seu corpo aninhado no meu. Era uma sensação tão gostosa, tão divertida, que me pus a rir. Um riso gostoso, tesudo mesmo. Nem sei quanto tempo demorei a adormecer nesse meu sono que se faz tão profundo. Mas podia sentir o seu corpo em minhas mãos. Ah! Como podia.

Ontem, depois de passar parte da tarde dormindo, & ter passado parte da noite escrevendo, fui deitar-me, & me veio de novo, não propriamente a mesma sensação, mas a lembrança daquela noite passada. Novamente agarrei as pontas da cama, tentando na maciez do colchão buscar a mesma sensação do seu corpo. Imaginando os seus ombros, seus seios, tudo. Por um breve instante, pude novamente sentir sua respiração perto da minha boca. O prazer foi imenso. Mesmo sem chegar a plenitude do gozo, o tesão foi enorme.

Como sempre digo, as sensações & os momentos que vivemos, certos de sua intensidade, certos de sua importância, tornam tudo muito mais delicioso. Esse sabor pela vida, pelas emoções, é sempre fantástico.

Longe está de ser emoções baratas, fúteis, inúteis. Sempre são muito queridas, desejadas, almejadas, esperadas com toda a ansiedade que a situação nos permite. Tudo é pura & doce loucura.

E cada vez mais tenho certeza de que vivo a plena loucura de estar vivo. Cada vez mais me atenho aos detalhes do cotidiano, pois nos revelam emoções de uma grandeza que não podemos menosprezar. Se for certo ou errado, se podem magoar que nos é próximo & querido, juro, que nem paro para pensar. Se parasse, seria caso de internação sumária. Às vezes, nos pegamos dizendo ou pensando em coisas que deixamos de fazer. É evidente, que sempre faltou alguma coisa a ser feita no passado, pelas circunstâncias, pela inexatidão do momento, pela covardia, pelo medo de magoar & ser magoado, pela falta de oportunidade, pela própria arrogância de achar desnecessário & até, por não querer correr riscos pertinentes. Mas será que teriam tanta importância? Será que valeria realmente a pena?

Talvez! Talvez não. Talvez fosse apenas um joguete, uma vontade sem vontade, uma quase-fantasia, um disfarce ou mesmo um lapso de um desejo ou sonho. Porra está tocando Rock in roll do Led, & isso é fantástico. Um banho na batera para alucinar os neurônios de qualquer um. Na batida do coração que dispara, como quando se rouba um beijo desejado. Você sabe bem como é que é.

Talvez o que nos falte é reconhecer aquilo que está diante de nossos olhos, & ainda teimamos em não reconhecer.

Peixão89

Desabafos 2 – 1999-2000

Peixão
Enviado por Peixão em 29/01/2010
Código do texto: T2058599
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