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    À procura do seu talento
 
 
     As palavras estão aí, para serem usadas de forma a compor textos, mensagens e rimas, numa dança escrita que emociona, faz rir ou chorar... Assim como as notas musicais, passíveis de serem reunidas em milhares de diferentes combinações... Ou até mesmo as cores, texturas e matérias-prima, que, se manuseadas e lapidadas, frutificam-se em colheita artística capaz de abastecer a toda e qualquer aspiração do criar!

    Democraticamente... Equanimente... Basta lançar mãos-à-obra e se aventurar no labirinto de oportunidades e transmissão de sentimentos representado pelo universo das diferentes formas de arte! A todos é facultada a iniciativa... As ferramentas da criação se revelam surpreendentemente simples de obtenção e manuseio, tais como os pincéis, formões, tintas, instrumentos musicais, canetas, lápis e teclados de computador, estes últimos obedecendo à vanguarda high-tech, propiciando alta velocidade de interação criador-leitor, e eliminando qualquer interferência capaz de impedir a correta assimilação da mensagem implícita, como por exemplo, as dificuldades de escrita manual. É senso comum e bem aceito o fato de que criar, compor, ler, ou se dedicar a algo similar afasta toda e qualquer sensação de isolamento e solidão, males que permeiam a vida moderna e corroem as entranhas da alma!

    Feitas as considerações iniciais, não se entende então o porquê do pouco culto às manifestações artísticas reais: se a caneta (ou teclado) ai está, por que não conseguimos escrever? Disseminam-se obras literárias, em todos os estilos, por que então não lemos? Se a música é linguagem universal, transcendendo a Babel contemporânea, porque não é ensinada e praticada, assim como a Biologia ou a Matemática? De que vale hoje admirar uma obra de arte-plástica ou cênica? Melhor se dedicar aos sites de relacionamento virtual, superficial e muitas vezes de risco, ou aos programas televisivos tipo “reality show”, ofensivos ao culto à inteligência e ao respeito às individualidades, mas ricos em audiência e possibilidades de sucesso rápido, fácil e descartável! Sim, descartam-se pessoas como se descartam velhos objetos, ou às vezes nem tão velhos, mas já de pouca serventia para todos nós, ávidos por consumo desenfreado e novidades mil!

    Pretensões e audácias à parte! Afinal, Drummonds, Quintanas, “Vans Gogh”, Rodins, Mozarts, “Villas-Lobos”, “Paulos Autran”, Chaplins e tantos outros mestres brindados pela inspiração divina, não nascem todos os dias... Afinal, se todos fôssemos gênios, como poderíamos admirá-los? 

   O talento é dádiva de Deus, não podendo ser ensinado ou compartilhado, embora muitas vezes plagiado, mas a oportunidade de se lançar à tentativa é prerrogativa de cada um... Basta um pouco de ousadia e adaptabilidade a possíveis e necessárias mudanças de rumo ou estilo, de acordo com o crescente autoconhecimento e autocrítica... E o aceite às opiniões alheias, nem sempre aprazíveis e muitas vezes ferrenhamente desestimulantes!

   Dando então delineamento final ao texto: se todos os caminhos para o enfrentamento das questões sociais passam necessariamente pela Educação, o que o amigo leitor, que teve a paciência de até aqui chegar, está a esperar? Ainda é tempo de externar aquele possível instinto, reiteradamente sufocado e devidamente pisoteado pelos rigores do ganha-pão diário; escolha sua modalidade e lance-se ao mar da criação, à procura de sua sensibilidade perdida; quiçá inicia-se aqui a trajetória de um futuro expoente!

   Afinal, todos um dia começaram reclusos e imperceptíveis aos olhos da maioria...


Max Rocha
Enviado por Max Rocha em 23/01/2010
Reeditado em 11/04/2010
Código do texto: T2046575
Classificação de conteúdo: seguro
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