Desabafos Solitários - XXVI
É tão claro ver a luz, destes que olhos que brilham,
É tão claro, fácil sentir, a pele levemente fresca,
Na frescura de um banho de amor,
Saltando os poros por puro prazer, prazer em ser,
Nada de máximas, nada de ceticismo,
Menos ainda cinismo, ou qualquer defeito,
Tudo é perfeito, como perfeito, é uma noite de estrelas,
Rodeando sem sobressaltos as brumas do mar,
Esse mar de paixão que brilham em seus olhos,
Mesmo quando o Sol bater na sua janela,
Apagando o brilho de uma noite dessas,
Lembrarás de um passado recente,
De uma vontade incontida de estar & ser,
Mais que uma, sua, minha, nossa vontade,
Mesmo que num curto lapso de tempo
Com tempo para olhar o que estava lá escrito,
Muita bobagem pode ser dita, ou mesmo cometida,
Mas ninguém pode acusar que não tentar viver intensamente,
Ah! Isso sim é viver, & viver de bem com tudo,
A corrente sobrepuja a força da margem, em direção ao infinito,
A luz fere a fresta em busca de espaço
Senão nada pode brilhar.
Brilhar, brilhando, brilhante,
Pedra a ser lapidada,
E como artesã do amor, busca a quase perfeição,
E por perfeição, vem tua afeição e carinho,
Por tanto, é sempre bem quista, aqui e sempre,
Ah! E como cuida de teu Jardim, sempre florido,
E por assim agir, sempre sabereis quem és,
E sempre abrigo terá em minha Ilha, amada Ilha,
Que como teu Jardim, apraz, sagaz em sua simplicidade,
Mesmo vergonhosa de sua nudez,
Maravilhosa no riso do seu gozo,
Sim, sei que és feliz, o brilho não engana,
Nem ofusca minha gratidão,
E para meu orgulho, ainda tens a paciência,
Da tua juventude para meus velhos escritos,
Vindos de uma época nem tão distante,
Como distante sinto que pouco te acompanho.
Tanto me agradeces, por tão pouco que te fiz,
Tanto me agradeces, por tão pouco que tenho para lhe oferecer,
Quando sou eu que tenho que lhe agradecer,
Por me emprestar tanta vivacidade e carinho, & prazer,
Não, não leve isso por um choro prematuro,
Nem me julgue doutra forma, nem me julgue,
Fique apenas com minha eterna gratidão,
Pois repito, é sempre bem quista,
Uma noite de carinho a beira da praia,
Tão desejada, esteve em nossas mãos,
E foi como um sonho, desses que se realiza de tempos em tempos,
Mesmo que todo o calor do seu corpo me reclamava mais,
E mais nem ousei oferecer,
Talvez com medo de quebrar o encanto
Que com o canto dos olhos,
Chorava quietinho, agradecendo por tudo.
Peixão89
Desabafos 2 – 1999-2000