Desabafos Solitários - IX

Mais uma conversa com a Patinha.

Li a matéria que você copiou para mim.

Obrigada.

Foi uma oportuna coincidência. Queria mesmo falar a respeito.

É sobre o Jardim.

O meu Jardim Secreto. O nosso Jardim Secreto.

Alguém disse, algum dia: “Há algo em mim que é mais que eu mesmo.”

Eu concordo & sei exatamente o que quer dizer.

Você sabe o medo que eu tenho de “morrer” sem ter “vivido”. De chegar aos 80 anos (se eu chegar lá) com a terrível sensação de só ter atravessado um breve intervalo de tempo.

Sem tempo para refazer. Sem ter a Segunda chance.

Jamais quero passar por isso. E acho que é essa sede. Acho que estou no caminho certo. Acho que você não poderia deixar de passar & ficar em minha vida. Acho que cheguei na sua vida no momento certo. Acho. Tenho certeza.

Esse seu “atual” “descompromisso” com os problemas, com as encrencas. Essa sua cuca saudavelmente fresca, esse seu estado de espírito zen... Quero ser como você quando eu crescer.

Quero viver bastante, talvez não por muito tempo, mas intensamente. E você é parte desta vida frenética que eu tanto almejo. Aproveito cada segundo da sua companhia. Aproveito cada milímetro da sua pele. Aproveito cada perfume. Aproveito cada palavra, cada gesto.

Para viver do jeito que eu gosto, preciso de paixões. Todas.

Paixão por trabalho. Paixão por um hobby.

Paixão por um amigo.

Paixão por um homem.

E o mais legal de todo essa história é que, de uma certa forma, encontrei todas as paixões em você. Talvez seja isso que o torne tão único para mim.

Talvez seja o fato de, estando a sós com você, eu possa ser apenas eu.

Fora do nosso Jardim, eu preciso ser a filha carinhosa, a irmã companheira, a neta perfeita, a funcionária exemplar, a amiga que oferece o ombro, a colega sempre pronta a ajudar, a esposa ideal, entre outras tantas coisas.

Sei que tenho que desempenhar muito bem todos esses papéis. Afinal é a minha obrigação. Mas é tão bom ser simplesmente eu mesma & ainda assim encontrar alguém que goste de mim.

Obrigada, Sempre fui uma mulher feliz, não posso me queixar de absolutamente nada. Mas sempre houve essa lacuna, esse espaço para ser preenchido, essa paixão contida.

Como já disse antes, sempre cuidei do meu Jardim. Eu pressentia que, mais cedo ou mais tarde, conheceria alguém digno de ser meu companheiro, especial o bastante para conhecer-me por inteiro. Reconhecer o rosto daquela que existe para o mundo.

Antes da sua chegada, eu me sentia meio pérfida, meio paranóica, meio maluca.

Na verdade, eu me considerava uma grande farsa.

Se um dia qualquer nossas estradas tomarem rumos distantes, quero que você tenha a certeza de que minha vida jamais será a mesma & que meu Jardim Secreto terá para sempre as marcas da sua presença, por que é lá, meu querido, que fica guardado meu coração.

Peixão89

Desabafos 2 – 1999-2000

Peixão
Enviado por Peixão em 07/01/2010
Código do texto: T2017122
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