Desabafos Solitários – VI

29 de novembro de 1999.

Ontem fiquei com uma certa angústia.

Uma falta sem dúvida, daquele Jardim secreto que cultivamos nos últimos meses. Um sentimento de estar sendo passado para trás, de estar sendo deixado de lado, de estar ficando & ficando & ficando & ficando, sem ter o que fazer. A falta, da falta, com a falta, na falta que você me faz.

Fica faltando mais alguma coisa.

O querer supera a ansiedade, & a ansiedade fica martelando feito gota d’água na testa, mesmo sem esquentar tanto, o sol bateu forte no corpo no sábado, & o domingo em família ficou tão curto, que esta segunda demora para chegar, para chegar outro fim de semana, & eu passando aos 40, olhando feliz o que me espera, & o que fiz durante esse tempo, sem tempo, de ter um tempo maior, seja como for, sempre passando, passado passando o presente.

A minha linha da vida que cruzando a ponte que separa o certo do certo, centro de nenhuma dúvida, dívida de não ter tido tempo de ter tempo, jardim secreto, segreda o quanto pode, rejuvenesce quanto pode, permite, deseja, almeja & é feliz.

Sem contrariar quem se é próximo, próximo do próximo milênio, descobrindo que tudo está perto & ao alcance da sua mão. Traindo meus tremores, fica o sentimento de que alguma coisa ficou mal resolvida.

Talvez seja minha ansiedade de não ter ansiedade, talvez seja a minha pressa de viver intensamente, talvez seja a volúpia incontida do meu tesão.

Talvez seja apenas mais uma sensação de que tudo pode ir além do previsto.

O medo de errar & ferir, ferir & errar, errar & não consertar, de perder aquilo que se conquistou, por não prestar mais atenção, por não estar mais presente.

Por achar que não é mais desejado, por não saber se está tendo uma atitude à altura do esperado, ou mesmo por ser pretensioso em achar que tudo sempre estará bem & que está agradando, quando na verdade, está sendo ridículo & insosso, mal se agüentando no filme, por ser tão patético.

Tudo tem o seu tempo.

Talvez seja medo mesmo, de perder de novo.

Talvez seja mesmo um tolo, sendo pessimista, fugindo de seu discurso diário.

Talvez não seja nada. Apenas um mau pensamento que passou & dei importância demais.

Seja o que for, tudo bem.

Olha veja

Sua cara no espelho,

Veja o seu tempo

E ande para frente.

Tem certas coisas que doem mais, quando são escritas. Nossa como doem!

Peixão89

Desabafos 2 – 1999-2000

a trilha pode ser Caetano - Você Não Me Ensinou a Te Esquecer

Peixão
Enviado por Peixão em 05/01/2010
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