Força Estranha

Roberto Mateus Pereira
26/dez/2009

De repente me vejo diante do nada, o ar é muito, mas me faz falta e ao mesmo tempo me sufoca.
Estranho é o todo que me contorna, como também estra-nho é o constante duelo dos meus pensamentos.
Eles se digladiam por nada, num vazio intenso, onde o co-meço e o fim se misturam dentro dele.
Como expectador, assisto este combate de gigantes onde sou o ator principal e também coadjuvante, que por sua vez se multiplica a cada movimento...
A luta é intensa e a cada momento luto pela minha libertação.
Qual libertação?
Procuro nesta turbulência um caminho firme, seguro, onde eu posso me apoiar respirar e seguir procurando outros caminhos, sem medo, sem ter que conviver com esta pressão interior que parece eterna, misteriosa e até mesmo assustadora.
As imagens vão tomando formas que não parecem ter fim, e eu, antes ponto de referência, vou dando espaço, o meu espaço e aos poucos vou sendo encurralado nesta arena vazia onde o nada me aplaude.
Parece um pesadelo ou será que verdadeiramente vivo um pesadelo.
Preciso sair rápido deste impasse, desta estranha loucura...
Uma angustia dilacerante me transpassa o coração e no-vamente o ar me sufoca, como se fosse arrastar tudo que me contorna, inclusive eu.
Estendo as mãos e procuro me apoiar no que acho seguro, mas o vazio não é sólido e eu caio... me levanto... caio!
Assim prossigo esta estranha batalha: eu contra eu mes-mo!
Não me entrego, mesmo lutando contra o nada, sinto que a luta será grande e que o vitorioso alcançará a glória.
Qual glória?
As palavras que se encaixam neste momento com tanta facilidade, para muitos parecem uma grandiosa alienação, onde a imaginação toma corpo e cores e dança ameaçadoramente diante de quem a vê, no caso eu...
Nesta hora é preciso força, coragem e muita fé...
Por que FÉ?
Seria ela a solução de tudo ou seria apenas um pequeno frasco do elixir milagroso que tranqüilizaria por alguns momentos este corpo em conflito?
Não, ela é a solução, resultado de tudo, é o desfecho deste embate...
Com ela certamente virá uma força maior, superior que conduzirá até a presença do Ser Supremo: Deus!
E aí, como mágica, tudo serenará, pois somente Ele terá forças para transformar este Nada em TUDO.
Sairei deste pesadelo, serei como sempre fui: Eu!
Liberto-me das fantasias que às vezes assusta e não sentirei saudade deste outro eu dentro de mim.


Escritor Paulista
Enviado por Escritor Paulista em 26/12/2009
Reeditado em 26/12/2009
Código do texto: T1996829
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.