Por que eu não gosto de natal – Parte 2
A primeira parte deste texto falou da historicidade do natal cristão. Esta segunda parte falará de minhas experiências em relação a tal festejo. Muitas dessas lembranças parecem fúteis e bobagens, mas me fizeram a ter o pensamento que tenho hoje. Novamente espero a opinião de vocês leitores, gosto muito de dividir experiências e aprender cada vez mais. Apreciem.
Sempre comemorei o natal com minha família, sempre na casa de um tio meu. As pessoas alegres, as risadas, as piadas, a espera da meia-noite; tudo naquele típico espírito natalino. Vem daí minha primeira frustração em relação ao natal.
Minha família nunca se deu lá muito bem, nós crianças vivíamos as voltas com as brigas dos que se diziam adultos. No natal tudo mudava. Todos eram amigos, falavam como foi o ano, as conquistas e as derrotas, os planos para o próximo ano, etc. Aquele clima de paz se materializava a meia-noite, todos rezando em nome do menino que virou Deus. Todos iam para casa em paz, satisfeitos de alma e de bucho (digo saciados da fome). Mas como as serras não são de cuscuz e o mar não é de leite, no outro dia tudo voltava ao normal.
Os comentários são sempre os mesmos: “tu viu como fulano comeu?”, “ como fulano estava mal vestido”, “ como sicrano é mal educado”. Eu me lembro das palavras da minha mãe quando eu aprontava alguma:
- Henrique! Hoje não te bato não, mas amanhã tu me paga.
O tal espírito natalino é até legal, se durasse além do natal. E conversando com várias pessoas vi que isso não acontecia só comigo, realmente o natal é só no dia 25 de dezembro.
Tenho algumas lembranças engraçadas de filmes de natal. Assistia aos filmes de Hollywood e me perguntava por que não nevava em minha cidade. Imagine nevar em Jacobina, uma cidade da Chapada Diamantina. Doce ilusão de uma criança. Mas o que mais me doía era que papai Noel nunca me visitou no natal. Os presentes eram raros e infelizmente isso deixou algumas marcas.
Porém não pensem que eu odeio o natal, apenas não gosto. Vou ao natal de minha família, como sempre. Como, bebo e me divirto um pouco. No outro dia apenas dou risada do espírito que se foi com o peru pela privada da minha casa.
O que eu não suporto no natal não são minhas experiências mal sucedidas e sim a mediocridade coletiva que se aflora nesta época. Quem porra é papai Noel? Que porra de paz de um dia? Que porra é essa de enganação, comemorar o que em nome de Jesus? Lembrar do homem que dizemos ser o mais importante de nossas vidas por apenas um dia? Seguir ensinamentos falsos e hipócritas? Ser bom e perdoar só por mero costume?Eu acho que não.
Se for para perdoar, amar, ser caridoso, honrar a Deus, que seja sempre. O melhor do natal é o lucro das lojas e como eu não sou dono de loja, essa parte não me interessa.
Esse ano eu vou de novo para casa de minha família, abraçar parentes, comer um bom peru e desejar feliz natal para todos. Mas para mim todo dia é santo e o natal é apenas mais um deles. Parabéns as Igrejas e lojas que lucram com o natal, boa sorte aos corações que se acalmam no dia 25. Só desejo que esse clima se perpetue o maior tempo possível. E se lembre que nem todo dia é 25, mas todos os dias são do Senhor.
PS: Jesus curou também aos sábados. Quem tem ouvido para ouvir que ouça.
Quem quiser ver a primeira parte: http://www.recantodasletras.com.br/ensaios/1987458
Quem quiser ver mais: http://ebriosdailusao.blogspot.com/