METALINGÍSTICA

O intangível

Qual á função das palavras? Tentar expressar os diversos sentimentos e comunicá-los aos nossos semelhantes, é a razão de existir primeira das palavras. Porém há um problema nisso; os sentimentos não são tão simples ou manipuláveis, de forma que não podemos contê-los em meras palavras. Exteriorizar um sentimento é impossível, todavia tentamos. Não se pode por às nossas sensações regras fixas com seus conceitos e normas; podemos verificar a veracidade deste preceito ao nos referir aos sentimentos ambíguos nunca denominados. É inquestionável a importância das palavras na comunicação, mas este valor não é igualmente relativo no referente aos sentimentos. Estes são uma experiência sensorial única e só podem existir nesse plano, ao tentar exteriorizá-los através de palavras perdemos sua essência e diminuímos sua importância.

O uso das palavras distorce por vezes o que sentimos no ato de expressá-las.

Quando ao ter um "acesso sensorial", tentamos descobrir seu significado, o porque de sua existência, perdemos o momento que escapa das mãos como fumaça, e é aí que nos perdemos no meio do caminho. Para descrever ou expressar algo é preciso o domínio da via de comunicação padrão do meio (língua falada ou escrita) onde se vive. Até aí tudo bem, mas acontece que sempre se chega à determinado momento onde a via se torna mais importante do que a mensagem que se pretende passar, pois seu objetivo é somente a viabilidade da informação de forma acessível (compreensível) aos outros. Não quero com isso diminuir a importância das palavras, meu objetivo é somente explicitar suas limitações perante outros planos e dimensões com regras próprias, independente de poder ou não serem manifestados na forma de palavras e idealizações convencionais.

Ainda assim,

a magia das palavras

Estes signos da língua são o que se pode chamar de tentativas. Contudo, não podemos menosprezar essa condição muito semelhante à um jogo de adivinhações de sentimentos não fielmente concretizados devido a debilidade da via, mas deveras, amiúde ensaiado na idealização de nossas mais íntimas sensações e arrepios. Palavras são personagens, as frases os diálogos, textos são ensaios e os sentimentos...

bem estes são a nossa imagem enquanto somos o reflexo em um corpo de sensações que nunca se "tem", pois só existe na mais alta concepção do ser com sua transcendência inespressível e inexorável misteriosa.