BRASIL: Jogadores "estrangeiros" e mercenários?

Em muitos textos e frases que li aqui no Recanto e em jornais, programas de TV, pelas ruas, foi comum a crítica a falta de empenho e de “raça” dos jogadores brasileiros na Copa do Mundo da Alemanha. Esse ponto de vista majoritário foi, quase sempre, atribuído ao fato de nossos craques estarem “endinheirados” e jogando/vivendo na Europa. Refletindo sobre essa questão, achei pertinente escrever um pequeno ensaio a respeito.

Se você não é muito interessado em futebol ou em textos um pouco maiores do que o usual, vá embora já daqui que esse ensaio é uma roubada. Mas se você gosta de textos com pouca coisa mais de fôlego, com certeza vai achar esse pequeno, despretensioso e singelo ensaio uma boa opção para os próximos minutos.

Primeiramente, podemos afirmar que essa realidade não é específica do futebol brasileiro. No geral, grande parte das seleções nacionais que participaram da Copa de 2006 eram formadas por seleções tipo “legião estrangeira”, que podemos definir como aquelas em que muitos jogadores ou eram naturais de outro país ou então jogavam em clubes do exterior, não atuando no futebol nacional. A seleção mais “nacional” da Copa da Alemanha foi, por coincidência, a campeã, Itália. Dos 23 boleiros convocados para defenderem a “azzurra”, todos atuam em clubes italianos e apenas um, Camoranesi, é nascido em outro país (Argentina) e naturalizado italiano. Nos demais casos, era um festival de naturalizados e de “estrangeiros” (definição que vou usar, aproveitando o senso comum a respeito, para os jogadores de determinado selecionado que são vinculados a clubes de outros países).

1 - Antes de partir para análises e comentários, vou fazer uma exposição de dados (baseados nos informes da Fifa) referentes às seleções da Copa 2006, com o objetivo de criar um “pano de fundo” indicador da realidade em questão. De início vamos ver os dados em âmbito geral e depois, em particular, os do Brasil.

1.1 - Vamos começar pelos dados sobre os “estrangeiros”. No rol das seleções que possuem grande parte dos seus atletas atuando em clubes do país, temos principalmente: Arábia Saudita (22 dos 23 convocados), Alemanha (21), Costa Rica (21), Inglaterra (21), México (20), Ucrânia (19), Equador (18), Japão (17), Coréia (17), Espanha (17), Irã (16), Holanda (14) e EUA (13). Assim, vê-se que apenas 14 das 32 seleções que disputaram o Mundial da Alemanha eram majoritariamente “nacionais”: 44%! Na situação oposta, ou seja, dentre as seleções que possuem grande parte de seus jogadores atuando no exterior, os “estrangeiros”, temos em destaque: Costa do Marfim (22 “estrangeiros”), Austrália (22), Brasil (21), Rep. Tcheca (21), Argentina (20), Togo (20), Croácia (19), Gana (19), Tunísia (18), Trinidad Tobago (18), Paraguai (17), Suíça (17), Portugal (17), Polônia (16), Sérvia (16) e França (14). E vou incluir aqui também um outro dado pertinente, referentes aos treinadores: dos 32 técnicos que atuaram na Mundial 2006, 50% eram profissionais contratados no exterior. Brasil (4), Holanda (3) e França (2) foram os países que mais “exportaram” técnicos para as seleções da Copa.

1.2 - No tocante aos “naturalizados”, jogadores que nasceram num país e disputaram a Copa por outro, temos um dado interessante: em números redondos, 8% dos 736 inscritos eram “naturalizados”. Em destaque, temos: Tunísia (7 “naturalizados” dentre os 23 convocados), França (7), Croácia (7), Togo (6), Trinidad Tobago (4), Suíça (4), Alemanha (4), Portugal (3) e Costa do Marfim (3). Com relação aos países que “exportam” jogadores que se “naturalizam” e passam a atuar por uma outra seleção nacional, temos: França (15), Brasil (7), Alemanha (6) e Argentina (4).

1.3 - Vamos ver agora os países que mais “importam” boleiros que disputaram o Mundial 2006. Dos 736 atletas inscritos, 80 atuam na Inglaterra, 50 na Alemanha, 43 na França, 40 na Itália, 35 na Espanha, 14 na Holanda, 11 na Turquia*, 10 em Portugal, 11 na Escócia*, 9 na Rússia*, 9 na Bélgica* e 7 na Suíça, citando apenas os países mais significativos em números absolutos (o * assinala os países que não participaram da Copa 2006). No total, 389 jogadores (53%) atuam em clubes de outros países em relação ao país que defenderam na Copa do Mundo.

1.4 - Colocado esse "pano de fundo" em termos gerais, vamos ao particular que nos interessa, ou seja, os dados referentes à Seleção Brasileira. Dos nossos 23 atletas convocados por Parreira (não levando em conta a substituição posterior de Edmilson por Mineiro), 21 jogavam no exterior, assim distribuídos: 6 na Itália, 5 na Espanha, 4 na Alemanha, 3 na França, 1 em Portugal e 1 na Inglaterra. Essa foi a “legião estrangeira” do Brasil.
Detalhe: não há “naturalizados” defendendo a “seleção canarinho”. Contudo, somos o segundo maior “exportador” de “naturalizados”: 7. De técnicos, o primeiro: 4. Ainda nesse ponto, vemos que o Brasil é umas das 7 seleções (junto com Polônia, Equador, Argentina, Sérvia, Holanda e Angola) sem jogador naturalizado entre os convocados e que, ao mesmo tempo, possui técnico nascido no país. Mas, como todos os outros citados neste parágrafo, possui grande quantidade de “estrangeiros”.

2 - Bom, o leitor que chegou até aqui, depois de passar por esse arcabouço de informações quantitativas, creio que já está tirando as suas próprias conclusões à respeito do que sugere o título e o que é proposto no parágrafo inicial deste ensaio. Assim, feito o “pano de fundo”, vamos realizar as análises, comentários e conclusões sobre o assunto.
E daí, os nossos craques foram apáticos por serem mercenários estrangeiros, novos ricos entediados e somente preocupados com seus recordes pessoais?
No tocante a questão dos “mercenários”, novos ricos, creio que ninguém mais, seja pessoa que acompanhe o futebol ou um torcedor mais “sazonal”, do tipo que só acompanhe Copa do Mundo e final de campeonatos, tenha alguma ilusão de que futebol não é $$$$. Via de regra, país com futebol nacional forte são aqueles onde existe uma economia forte e onde, concomitante a isso, o futebol seja um esporte com expressiva aceitação popular.

2.1 - Vejamos os países ricos da Europa que se enquadram nesse modelo, levando em conta os resultados mais expressivos obtidos nas 18 Copas já realizadas: Itália (4 títulos, 2 vezes 2ª colocada, 1 vez 3ª colocada, 1 vez 4ª colocada), Alemanha (3 títulos, 4 vezes 2ª, 3 vezes 3ª, 1 vez 4ª), França (1 título, 1 vez 2ª, 2 vezes 3ª e 1 vez 4ª), Inglaterra (1 título, 1 vez 4ª), Holanda (2 vezes 2ª, 1 vez 4ª) e Espanha (1 vez 3ª).
Analisando essas informações, vê-se o quanto o sucesso no futebol sorri para os amantes do “esporte bretão” que tem dinheiro no banco. Esses países detém 50% dos títulos das Copas! Estiveram presentes em 77% das finais de Copa! São os países que mais “importaram” jogadores que disputaram o Mundial 2006 para atuarem em clubes do seu campeonato nacional, num índice de 35% dos 736 inscritos! Dentre esses países, o único que não conseguiu ainda resultados significativos em Mundiais é a Espanha que, junto com a Itália, possui o campeonato nacional mais rico e badalado do planeta na atualidade.

2. 2 - Bom, fora esses países, temos a turma do “andar de baixo”, da América do Sul, com economias fracas, mas, porém, com futebol “correndo nas veias” da população local e conseguindo, assim, formar jogadores e ser competitivo nas Copas. São eles: Brasil (5 títulos, 2 vezes 2ª, 2 vezes 3ª, 1 vez 4ª), Argentina (2 títulos, 2 vezes 2ª) e Uruguai (2 títulos, 2 vezes 4ª). Somados, conquistaram 9 títulos (50%) e participaram de 11 finais (61%)! Argentina e Brasil são países que “exportam” boleiros e técnicos para os melhores times do mundo, verdadeiros “oásis” de qualidade futebolística no terceiro mundo, com seus craques indo cada vez mais cedo embora, logo na adolescência e, assim, nem jogando no futebol nacional e se naturalizando em outros países, o que é a nova tendência mundial: potências econômicas integram às suas seleções jogadores naturalizados, rapinando os talentos dos países pobres.
Já o Uruguai é um país em franca decadência no futebol, pois desde o 4º lugar na Copa de 1970 que não consegue mais resultados expressivos e, por vezes, nem vaga obtém, como agora em 2006, ficando de fora do Mundial. O que pode estar acontecendo com o futebol uruguaio permite traçar, a grosso modo, perspectivas sombrias para o futuro no Brasil e Argentina. Uma economia fraca, população pequena, processo de industrialização avançando e, com isso, a crescente diminuição de espaços urbanos vazios destinados a prática do futebol nas comunidades. Eis aí, a meu ver, o grande problema, pois tal fato mata a “base” em que o futebol se desenvolveu no século passado em toda a América do Sul como esporte popular, de multidões, e de baixo custo, gerando uma qualidade ímpar nesse período histórico.
Brasil e Argentina são países com economia mais forte que Uruguai, com maior território e população e, creio eu, porisso o processo de “urbanização” não teve um efeito tão devastador na prática do futebol pelas camadas populares. Contudo hoje, em qualquer lugar do Brasil, por exemplo, se assiste os “campinhos” de futebol desaparecerem, dando lugar a expansão imobiliária. E isso não vai, no futuro, afetar a nossa capacidade de “formar talentos”? O futuro estará na África pobre, cheia de “vazios urbanos”, “campinhos” em potencial, onde a quantidade de praticantes vai gerar a qualidade de um futebol alegre e criativo? Só coloquei essa questão de maneira secundária no ensaio, para suscitar uma reflexão posterior. Retomemos a questão principal.

3 - Como se vê, futebol é dinheiro, logo os nossos melhores jogadores migrarem para clubes do exterior é natural, assim como acontece até com a França, que “exporta” para Itália, Inglaterra e Espanha seus melhores valores. Nesse sentido, o futebol de alto nível se torna “cosmopolita”, isto é, forma uma classe de pessoas que vivem o “futebol mundial” em detrimento do “futebol nacional”. Jogador cosmopolita, do futebol mundial, joga em qualquer país, desde que o clube que o contrate tenha $$$$ para bancar sua contratação e salário, não se apegando ao “futebol nacional”. Pelos dados que mostramos na primeira parte desse ensaio, essa característica “cosmopolita” fica mais do que evidente.
Bom, se o homem é natural da América do Sul, joga bem futebol, quem vai dizer pra ele que não deve ir jogar na rica Europa? Ora, vai ganhar muito dinheiro lá, viver em países com ótima qualidade de vida, acesso a níveis elevados de cultura, educação, saúde e... segurança pública! E vai ser “rei” nesses países, pois vai fazer parte da classe média alta (ou milionária!) dos mesmos e ser uma pessoa famosa e popular. Leitor, você que chama os nossos jogadores de mercenários, sinceramente, você não iria também? Claro que iria!
E justamente nesse ponto, chegamos a uma outra vertente: e aqueles treinadores brasileiros que treinam outros países na Copa e jogadores nascidos no Brasil que naturalizam-se e defendem a seleção de outros países? São mercenários eles? Porque ninguém os acusa? Porque o critério diferente com relação ao que é aplicado aos “estrangeiros” que compõe a Seleção Brasileira? Porque, inclusive, existe com relação aos mesmos um critério inverso, criando-se na população e imprensa uma “torcida” pelo sucesso deles?
Um caso? O técnico Luis Felipe Scolari e o meia Deco, que defenderam Portugal no Mundial da Alemanha. Como se torceu pelos caras na Copa aqui no Brasil, né? Eu fui um deles! Mas, cá pra nós, se eles enfrentassem o Brasil, não estariam sendo mercenários? Não foi esse o caso do técnico Zico e do lateral Alex Santos, que enfrentaram o Brasil ao lado do Japão? Seja sincero, você que viu o Zico jogar nas décadas de 70 e 80 pelo Flamengo e pela seleção, não achou estranho a vibração dele no gol do Japão contra nós? Você não teria ficado do mesmo jeito se o Brasil tivesse enfrentado Portugal na semi-final da Copa e, caso perdêssemos o jogo por 1X0, com gol de Deco, visse ele e Felipão chorando abraçados e comemorando junto a bandeira de Portugal? Diga, você não se sentiria incomodado, traído, achando que eles foram mercenários? Uma coisa é torcer pelo Felipão de longe, outra coisa seria ver ele tirar a Copa do Mundo do Brasil e vibrar com isso.
E por que não usar o mesmo critério com os nossos atletas da seleção? Na verdade, eles não são “mercenários”, mas sim “profissionais”, pessoas que vivem do futebol. Está certo, é quase a mesma coisa, a não ser pelo fato de mercenário ser uma palavra pejorativa e profissional ser neutra, asséptica. Mas tudo é $$$$, ao fim. Dá tudo no mesmo! Profissional é profissional, se tiver que enfrentar o seu país no futebol, "vamos lá"!
Claro, futebol não é guerra, você poderia dizer. Bom, talvez um mercenário não aceitasse lutar contra o seu país, mesmo ganhando muito bem para isso. Seria um problema ético, moral e cultural insuportável para ele. Mas um jogador de futebol, profissional, joga sem problemas contra o seu país. E comemora! Claro, não tá matando ninguém. Só no sentido figurado, ao ajudar o seu país de nascimento a ser eliminado da Copa em troca de um polpudo salário e de uma oportunidade que não teve em sua pátria-mãe.
E você leitor, como também iria jogar na Europa se pudesse, estaria fazendo o mesmo, não é seu safado mercenário e profissional? Que nem o Zico, o Alex Santos, o Felipão e o Deco! E de outros mais! (Ah, sabiam que o Thuram, zagueiro da França, nasceu no Rio de Janeiro?)

4 – E “estrangeiros”? Bom, vimos que o futebol é dinheiro, que o futebol de alto nível é “cosmopolita”, acontece num espaço mundial, supra-nacional, e que todo mundo é profissional e que, sendo profissional, não se apega a detalhes bobos como sentimentalismo patriótico e nacionalista.
Logo, nossos jogadores não são “estrangeiros”, são cosmopolitas e profissionais. Exemplos: vejam o nosso capitão, o “vovô” Cafu. Ele está se naturalizando italiano. Vai morar na Itália agora que está se aposentando. E você, se fosse ele, não faria o mesmo? Imagina, o cara vir morar novamente em São Paulo, para os filhos dele virarem alvo de seqüestro do PCC? Deixar a Itália, com aquela qualidade de vida de primeiro mundo, com as vantagens que comentei mais acima? Mas bah tchê!
Ah, por falar em tchê, voltemos ao gaúcho Felipão. Viram? A CBF convidou ele para retornar para a Seleção Brasileira, que é o cargo mais cobiçado e valorizado do mundo do futebol. Ainda mais para um brasileiro que vive do futebol! E ele? Não quis! Sabe o motivo? A família não deixou. O filho está estudando em Portugal, a mulher gostou do padrão de vida do país, essas coisas. Voltar para o Brasil? Para a violência? Para o ensino sucateado? Para a saúde caótica? Para a miséria nas esquinas? Para a corrupção generalizada em Brasília? Bem capaz!
E você leitor, não faria o mesmo no lugar dele? Atire a primeira pedra quem nunca pensou em ir morar na Europa ou nos Estados Unidos ganhando um montão de dinheiro! E que acha sinceramente que voltaria a morar no Brasil depois de se estabelecer profissionalmente no exterior! Admita, você viraria “estrangeiro” também! Admita!

5 – Sabe, quando eu estudava Sociologia na Unisinos, em São Leopoldo - RS, logo no primeiro semestre a gente tinha uma cadeira chamada Estudos dos Problemas Brasileiros. O livro de referência chama-se Realidade Brasileira, e me recordo apenas do nome de um dos seus três autores: José Odelso Schneider. Livro bem esquemático, funcionalista, grandão, cheio de dados, assim como esse ensaio que você está lendo. Numa parte que eu não esqueci, o livro abordava a questão do sentimento de apego ao país, do nacionalismo e do patriotismo. E dizia mais ou menos o seguinte: que a classe pobre não se apega a nada, pois está marginalizada e vive na barbárie, não dando valor a tais sentimentos; a classe média, que vive no país e participa ativamente da sua gestão e construção de diversas maneiras e em diferentes níveis, é nacionalista e patriótica; a classe rica, por “viver no mundo”, conhecendo vários países e muitas vezes morando e trabalhando lá, é “cosmopolita”, tem apego ao mundo e fraco nacionalismo e patriotismo.
Isso ficou na minha cabeça. Bom, quando o Brasil jogou com a França não foi a expressão disso, de certo modo, o que vimos? Os jogadores moram na Itália, França, Alemanha, Espanha, e convivem com os jogadores que lá estão. Poxa, o Ronaldo, o Roberto Carlos e o Robinho são camaradas do Zidane! Ficam pelados no mesmo vestiário, o do Real Madrid! Ganham uma grana preta por mês e todo mundo puxa o saco deles. Daí, no jogo, é aquela festa, os caras se abraçam, dão risada, como se fosse uma “pelada” entre amigos ou colegas de trabalho. Mas é isso mesmo o que é, tchê! E, além do mais, são todos “profissionais”, lembram?
Por isso o Brasil perde de um a zero pra França e o Robinho abraça sorrindo o Zidade ao final do jogo. O Ronaldo abraça ele e fala que futebol é isso, na maior naturalidade e com ar blasé. O Ronaldinho Gaúcho corre e vai dar uma festa para os amigos. O Zidane vai no vestiário brasileiro trocar umas camisas com os jogadores a pedido de alguns colegas franceses. São todos cosmopolitas, "galácticos", profissionais, colegas do futebol mundial.
O Brasileiro de classe média é que fica em casa torcendo, nessa bobagem de “pátria de chuteiras”, de “Brasil”, de nacionalismo, enquanto os “estrangeiros” profissionais e cosmopolitas do futebol se confraternizam com os “colegas” e os miseráveis aproveitam para vender alguma coisa durante a Copa para ganhar a vida ou, alguns outros, para assaltar e realizar pequenos furtos (não estou generalizando, estou sendo esquemático!).
Outra coisa: se o Sr Schneider estava certo, não podemos esquecer que os jogadores são oriundos, em sua maioria, de classes pobres. Claro, sei que tô fazendo uma bruta redução sociológica aqui, mas daí ficaria mais óbvio ainda o desapego nacionalista dos caras: segundo o Sr Schneider, ele viria de berço, construído em virtude da realidade sócio-econômica do indivíduo!
E além de tudo você, que teve o interesse de chegar até aqui, com certeza, no lugar dos atletas brasileiros que mencionei nesse ensaio, não teria agido da mesma forma que eles?
Não sei se lhe respondi as questões que me propus no primeiro parágrafo, mas que levantei um monte de reflexões pertinentes sobre o tema, ah, isso eu tenho certeza que fiz. E também acho que consegui mostrar que, na verdade, por detrás do senso comum das opiniões banais e, muitas vezes, preconceituosas, existe uma complexidade que vem a questionar as nossas verdades sobre o “pano de fundo” da realidade que nos cerca e que vai para além desse mesmo senso comum.


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