ESPAÇO DE TEMPO
14/12/2009
15:40

Sempre estive a exatamente dois passos de você e este curto espaço de tempo me matou muitas vezes.
Talvez este “matar” seja o suficiente para eu adquirir a coragem que adormece em mim.
Talvez perder-te de uma vez.
O caminho torna-se cruel demais. De um ponto em diante perdi-me de mim mesma. Agora me assusto.
Este espaço continuo e desesperador me diz que me escondo de trás de escolhas fáceis e pouco plausíveis.
É como se o tudo que nos aproxima fosse incapaz de nos juntar por um momento sequer.
Sinto-me inútil. Desesperadamente inútil.
O que cabe a nós então?
A eterna espera do "faz de conta"!
Repousaremos neste lugar onde se ama de mentira e compram-se os sonhos com moedas de ouro.
Trabalharemos para pagar nossas faltas pessoais e o sistema anticristão ditará a maneira do nosso viver.
Olhe lá fora. Por que fingimos que esta tudo bem?
Para não perdermos o pouco que temos? Para alimentar a esperança vazia? Para saciar nossos medos cotidianos?
Vamos garoto... este dia pode fazer história em nossas vidas. Não vivamos como eles vivem.
Escondidos entre muros soldados e sorrisos falsos.
Eles dizem que vivem cercados de fé, mas a quem atribuem esta fé?
Cristo? Este cristo alimenta muito mais que sua louca fé. Alimenta o bolso do papado e dos vigaristas também.
Diga-me garoto: viveremos desta ilusão que já foi passageira e hoje criou raízes em nossas calçadas?
Ah, como somos cretinos... nestas calçadas judeus e pagãos refletem sobre as comunas do velho estado.
Sobre as teorias e as mentiras dos séculos... e como mentimos garoto.
É tão mais fácil me amar somente pelo ato e não pelos motivos que o amor carrega consigo.
Olhe pra mim. Não sou sã o bastante para ser dona de seu coração? Tornei-me uma deles aos seus olhos?
Não espere muito, senão serei contaminada, tolo garoto...
Ligue a TV. O governo pede calma para a falta de caráter de seus representantes, mas lá fora todos roubam todos.
E aos olhos dos países distantes nos tornamos vagabundos, assassinos e ladrões. Já não nos separam deles...
Este não é o mundo que lhe ofereço!
Dou-te uma escolha sem leis dormentes dentro de livros inacessíveis.
Sem doutores que vendem diplomas por alguns réis.
Sem mães que perdem seus filhos para a droga do momento.
Dou-te ruas mais seguras e educação mais imponente. Dou-te a paz que tanto mereces.
E eis tudo o que tenho. Eu!
Livre de posições imperialistas. Livre de crenças ditatoriais. Livre de sonhos insanos.
Apenas eu em um curto espaço de tempo.







 

Carmen Locatelli
Enviado por Carmen Locatelli em 14/12/2009
Reeditado em 04/05/2024
Código do texto: T1977782
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