Chutando latas

Não sei a que caminhos me levam os meus perfumes noturnos...os sons que só eu ouço...as palavras e verbos que explodem em muitas direções...ecoando da minha cabeça...

Não sei em quantos fragmentos me divido, todos os dias...sobram-me cacos espalhados por todos os lados...estendo meus estilhaços doloridos sob o luar e deixo o sereno da noite os lavar...

Acendo minhas fogueiras de chamas azuladas pra rodopiar em torno das inspirações tímidas...inconfessas...e para as paixões incendiárias ...ateio fogo de labaredas rubras...que crepitam em palavras previamente aquecidas no meu coração...

Nas noites que me gritam angústias em silêncio...velo pelas palavras geladas que dormitam nos papéis brancos...à luz das velas chorosas...que tão sentidas quanto minh'alma sibilam baixinho...

Ganhei tantas frias palavras...que forraram minha cama...formaram crostas pelas paredes...e de estactites encheram o meu teto...

Abro a porta e vou caminhar nas veredas da noite...respirar a vida que habita na brisa...chutar latas e procurar serenatas...quem sabe amanheço sem tantas incoerências...quem sabe a noite me abrace e me confesse seus desejos desesperados...quem sabe eu nem precise voltar...

Angélica Teresa Faiz Almstadter
Enviado por Angélica Teresa Faiz Almstadter em 25/05/2005
Código do texto: T19650
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2005. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.