ENSAIOS CINEMATOGRÁFICOS - SOLARIS

RESENHA - SOLARIS

ALEXIA SCHEIDT

Solaris (2002) é para mim um dos melhores filmes de ficção científica que apareceu no cinema. Steven Soderbergh, juntamente com seu sócio, George Cloney, conseguiram trazer humanidade a um gênero, onde erroneamente, a opinião pública, acha que não existe.

O filme em questão mostra um psicólogo, Cris Kelvin (interpretado por George Cloney) que é mandado a um planeta, Solaris, onde estranhos fatos acontecem, uma vez que nesse lugar em questão, as pessoas se confrontam com seus medos interiores, estes se tornam realidade. No caso de Kelvin (Cloney) este se depara com sua esposa morta, que em Solaris revive e Kelvin vê uma chance de reparar os erros que cometera no passado. Solaris é um filme humano pois trata-se, segundo minha interpretação, de descobertas, descobertas sobre o íntimo das pessoas, dos personagens. Solaris é uma metáfora (segundo várias interpretações que possam existir do filme segundo o próprio diretor e os produtores) do descobrimento humano de seu interior, através da confrontação de seus medos, pesadelos e receio, e de uma auto-análise de si mesmo, através dos mesmos. Os personagens vão se conhecendo a partir do fato que estes confrontam (ou não) seus medos personalizados. Tanto, que para mim, o principal personagem do filme não é George Cloney, mas o silêncio que entremeia o filme. O filme mostra períodos de silêncio (nunca um filme encarnou tão bem o conceito da música de Simon e Garfunkel, “... e este é som do silêncio...”) que sugerem o caráter de introspecção do filme, do ser humano, um elemento básico que antecede e caracteriza a auto-análise em si. No caso de Solaris, a auto-análise humana acontece quando os personagens se confrontam diretamente com seus desejos e medos íntimos.

Pode ser que eu esteja errada em minha análise e que Solaris seja um filme apenas para se divertir por uma ou duas horas. Mas sinceramente não acredito nisso, há questões demais envolvidas no filme, que nos levam forçosamente, como Solaris, a questionar nós mesmos. Há, no entanto um fato que em meu ver, reforça meu argumento. Solaris foi mal-comprendido e mal-interpretado pelo público em geral. Foi um fracasso de bilheteria. Talvez se fosse um filme mais superficial, com um tema mais superficial, tivesse feito sucesso. Mas o ser humano, em regra, sempre teme confrontar a si mesmo.

alexia scheidt
Enviado por alexia scheidt em 21/11/2004
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