Sobre a estranha campanha contra as sacolas de supermercados
Há já algum tempo, os meios de comunicação vêm veiculando uma campanha contra o uso de sacolas plásticas para carregar as compras em supermercados. Tal campanha se fundamenta no fato de tais sacolas não serem biodegradáveis, permanecendo durante longo tempo a emporcalhar o planeta. A justificativa para a eliminação das sacolas se basearia na suposição de que seu uso seja desnecessário, podendo ser substituídas por outras embalagens, como as sacolas de pano ou as caixas de papelão.
A meu ver essa campanha funciona como uma cortina de fumaça para problemas ecológicos muito mais significativos. O aquecimento global, por exemplo, causador da intensificação extrema de catástrofes como os furacões, é gerado fundamentalmente pela queima de combustíveis fósseis como a gasolina e o carvão e poderia ser drasticamente reduzido diminuindo o consumo de combustível dos automóveis, o que absurdamente quase não tem merecido atenção.
Outras embalagens de produtos descartáveis, como as garrafas de refrigerantes, têm sido introduzidas no Brasil sem nenhum protesto, embora não precisassem substituir os antigos cascos e constituam problema ainda mais grave que as sacolas.
Bem, mas essas coisas dão lucros, sacolas de supermercados não. Voltemos a elas.
O pressuposto da estranha campanha contra as referidas sacolas é que elas servem APENAS para carregar as compras, o que me faz pensar que tenha sido articulada por estrangeiros sem a menor ideia do que estão a propor. Todos sabemos que, nas grandes cidades, as sacolas são usadas para embalar o lixo, sendo esta sua finalidade principal. Se evitarmos embalar nossas compras nas sacolas plásticas, teremos que comprar sacos plásticos para embalar o lixo, o que resultará exatamente no mesmo problema, evidenciando o contra-senso da campanha.
Apesar desse disparate, a estranha campanha acaba por apontar um fato significativo e sugerir uma solução para o problema. Estas embalagens poderiam ser feitas com material biodegradável, sua produção em massa propiciaria a redução dos custos de tais materiais que poderiam vir a substituir não só as sacolas, mas outras embalagens ainda mais danosas ao ambiente.
Por essas razões recomendo a alteração do alvo da campanha: não cabe ao consumidor, mas ao mercado disponibilizar sacolas biodegradáveis.
Também sugeriria a proibição da produção e comércio de produtos descartáveis que não fossem biodegradáveis.
Ah, mas não esqueçam: o grande vilão ecológico é o automóvel individual. Um litro de gasolina queimado prejudica o ambiente quase tanto quanto mil sacolas.
PS. Lei municipal de Barueri proíbe aos mercados disponibilizar sacolas que NÃO sejam biodegradáveis, mostrando que mesmo as campanhas tolas podem trazer resultados positivos.
Esta iniciativa deveria ser estendida a todo o país por lei federal.
Também poderia ser ampliada para abarcar outros objetos descartáveis, como as garrafas de refrigerante. (alterado em 23/12/2009)