DA MORTE

Não tenho medo da morte. Antes, até tinha. Até que descobri algo esclarecedor sobre a mesma. Descobri que a "minha morte" não me afeta em nada; a morte do "outro", esta sim, me afeta. Afeta-me a dor da ausência, da perda, da saudade; a consciência de não mais ter aquele ser conosco; a sensação de que parte do corpo foi amputada. Por outro lado, a minha morte só existe na condição de projeção para um futuro que nunca chega. Mesmo agora, ao escrever sobre minha morte, ela existe na condição de pura abstração, pois me sinto como ser vivo. É claro que eu refiro-me à existência consciência de minha morte. Que diferença faz para o Adão – personagem da Bíblia – que morreu há tanto tempo e para alguém que acabou de morrer há um segundo? Nenhuma! Para eles não há mais consciência do tempo cronológico nem psicológico; isso significa que eles não são sujeitos do estado deles de morte; logo se eu não tenho consciência que estou morto, eu não estou morto: não para mim. Se eu não posso lamentar meu estado de necrópsia, se eu não posso perceber por quanto tempo eu estou "debaixo do chão", repito e insisto, eu não estou morto: não para mim. Fazendo o caminho inverso, alguém poderia me dizer se se recorda de seu tempo antes de nascer? Quem reclama ou já reclamou de não ter nascido antes desse ou daquele ano? Na morte, acontece o mesmo. Em verdade, não gosto de acreditar que somos entidades separadas. Acredito que há um só ser humano no Planeta. Quando alguém morre, é uma célula do corpo que morre, mas o corpo fica. Quando alguém nasce, é uma outra célula que se renova no mesmo corpo. Então, TODOS NÓS SOMOS UM. SOMOS OS FIOS QUE TECEM A GRANDE TEIA DA VIDA, DA VIDA HUMANA.

Tonyholanda
Enviado por Tonyholanda em 22/11/2009
Reeditado em 29/07/2023
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