Figuras de estilo

Conhecer figuras de linguagem e/ou figuras de estilo é uma exigência tão básica quanto necessária para que se compreenda melhor os textos literários. Além de deixar-nos mais sensíveis à beleza da linguagem e ao significado simbólico das palavras e dos textos. Procuraremos desenvolver nesse trabalho certas figuras tidas como figuras de estilo seguindo o pressuposto de que são elas características não necessariamente dos textos literários, mas também do uso lingüístico dos falantes de uma forma geral.

Seguimos, portanto, a definição de que as figuras de estilo são certos recursos não-convencionais que o falante ou escritor cria para dar maior expressividade à sua mensagem.

Prosopopéia

Consiste em atribuir vida, ação e movimento a seres inanimados, irracionais ou mortos.

Exemplos:

O jardineiro

1. Só colhia as rosas ao anoitecer porque durante o sono elas não sentiam o aço frio da tesoura. Uma noite ele sonhou que cortava as hastes de manhã, em pleno sol, as rosas despertas e gritando e sangrando na altura do corte das cabeças decepadas. Quando ele acordou viu que estava com as mãos sujas de sangue.

(Lygia Fagundes Telles).

2. A lua, tal qual a dona de um bordel, pedia a cada estrela fria um brilho de aluguel.E nuvens, lá na mata – borrão do céu chupavam manchas torturadas – que sufoco !

(João Bosco e Aldir Blanc)

3. Era uma vez uma agulha, que disse a um novelo de linha: _ “porque está você com esse ar, toda cheia de si, toda enrolada, para fingir que vale alguma coisa nesse mundo?”.

(Machado de Assis)

4. “Meu coração não aprendeu nada”.

(Fernando Pessoa)

5. Hão de chorar por ela os cinamomos, murchando as flores ao tamanho do dia. Dos laranjais hão de cair os pomos, lembrando-se daqueles que os colhia. As estrelas dirão. “Ai, nada somos, pois ela se morreu silente e fria...”

(Alphonsus de Guimarães)

6. O sol amanheceu triste e escondido.

7. O vento suspirou e o sol também.

8. Está um dia triste.

Eufemismo

Consiste em comunicar uma situação desagradável através de palavras que abrandem o impacto causado por essa situação.

Exemplos:

1. Alma minha gentil que te partiste

Tão cedo desta vida descontente

Repousa lá no céu eternamente

E viva cá eu na terra sempre triste.

(Camões)

2. Aconteceu que passados quatro anos, D. Elvira muda-se de residência para outro mundo.

(Camilo Castelo Branco)

3. O jogador deu um violento tapa no adversário e o juiz o convidou a se retirar do campo.

4. O indivíduo verticalmente prejudicado estava tentando ajudar o portador de deficiência visual a atravessar a rua.

5. Queria , ao pé do leito derradeiro em que descansas dessa longa vida, aqui venho e virei , pobre querida, trazer-te o coração do companheiro.

(Machado de Assis)

6. Você faltou com a verdade

7. Era uma estrela divina que ao firmamento voou!

(Álvares de Azevedo)

8. Quando a indesejada da gente chegar

(Manuel Bandeira)

Ironia

Considera-se ironia quando, pelo contexto, pela entoação, ou pela contradição de termos, sugere-se o contrário do que as palavras ou frases parecem exprimir. A intenção é, geralmente, depreciativa ou sarcástica, embora o sarcasmo tenha um tom mais agressivo. Existe frequentemente na linguagem corrente, como quando dizemos “vens num belo estado!” (para indicar que reprovamos a aparência de alguém) ou “acho que dou conta do recado...” (quando obviamente estamos mais que habilitados a fazer uma determinada coisa).

Exemplos:

1. Moça linda, bem tratada, três séculos de família, burra como uma porta: um amor.

(Mário de Andrade)

É também um estilo de linguagem caracterizado por subverter o símbolo que, princípio, representa. A ironia utiliza-se como uma forma de linguagem pré-estabelecida, para a partir de dentro dela, contesta-la.

Gradação

Costuma-se dividir gradação em dois tipos. Gradação ascendente ou clímax e gradação descendente ou anticlímax.

A gradação ascendente consiste no emprego de adjetivos dispostos numa progressão ascendente, isto é, do menos intenso para o menos intenso.

Exemplo:

1. Surpreso, admira o seu porte, sentindo-se vivo, o maior, o invencível.

(Ribeiro Fester)

Gradação descendente consiste-se no inverso, isto é, do mais intenso para o menos intenso, do maior para o menor, do mais distante para o mais próximo.

Exemplo:

2. Um grito, um gemido, um sussurro, nada que brava o silêncio daquele lugar sombrio.

Hipérbole

Consiste no exagero ao se afirmar alguma coisa com intuito emocional ao de ênfase.

Exemplos:

1. Estou morrendo de sede.

2. Ela é louca pelos filhos.

3. Repetiu um milhão de vezes a mesma idéia.

4. Chorar um rio de lágrimas.

5. Morreram de rir.

Apóstrofe

É uma figura de estilo caracterizada pela invocação de determinadas entidades, consoante ao objetivo do discurso, que pode ser poético, sagrado ou profano. Também caracteriza-se pelo chamamento do receptor, imaginário ou não, da mensagem.

Exemplos:

1. Ó mar salgado, quanto do teu sal são lágrimas de Portugal.

(Fernando Pessoa)

2. “Deus! Ó Deus ! onde estas que não respondes?.

3. Tende piedade, senhor, de todas as mulheres.

4. Senhor Deus dos desgraçados! Dizei-me vós, senhor Deus!”

(Castro Alves)

Pai nosso

5. Pai nosso que estás nos céus

Santificado seja o teu nome

Venha o teu reino e a tua vontade

Na terra e nos céus.

O pão do dia nos daí hoje

E perdoa nossas dívidas

Como perdoamos os que nos devem

Não nos deixe cair em tentação

Mas livrai-nos do mal

Livrai-nos do mal

Pois teu é o reino, e poder.

E a glória

Para sempre, para sempre.

Amém.

(Música de Catedral)

Antítese

Termo proveniente da palavra grega antithesis e que a civilização latina adoptou com a grafia de antithese, designando oposição, contraste. Como figura de estilo, a antítese consiste na utilização de dois termos, na mesma frase, que contrastam entre si, isto é, consiste na exposição de uma idéia através de conceitos ou pensamentos opostos, quer fazendo confrontos, quer associando-os.

Por exemplos:

1. Buscas a vida, e eu a morte; procuras a luz, e eu as trevas.

2. Amigos ou inimigos estão, amiúde, em posições trocadas. Uns nos querem mal, e fazem-nos bem. Outros nos almejam o bem, e nos trazem o mal.

(Rui Barbosa)

3. Ela se preocupa tanto com o passado que esquece o presente.

4. A guerra não leva a nada, devemos buscar a paz.

5. “O mito é o nada que é tudo”.

(Fernando Pessoa)

6. “O esforço é grande e o homem é pequeno.”

(Fernando Pessoa)

Posto isso é perfeitamente compreensível que as figuras de estilo estão, sobremaneira, estabelecidas no processo pragmático, isto é, exclusivamente no uso lingüístico. As figuras de linguagem ou de estilo são empregadas para valorizar o texto, tornando a linguagem mais expressiva. É um recurso lingüístico para expressar experiências comuns de formas diferentes, conferindo originalidade, emotividade ou poeticidade ao discurso.

Antítese

Termo proveniente da palavra grega antithesis e que a civilização latina adoptou com a grafia de antithese, designando oposição, contraste. Como figura de estilo, a antítese consiste na utilização de dois termos, na mesma frase, que contrastam entre si, isto é, consiste na exposição de uma idéia através de conceitos ou pensamentos opostos, quer fazendo confrontos, quer associando-os.

Por exemplos:

1. Buscas a vida, e eu a morte; procuras a luz, e eu as trevas.

2. Amigos ou inimigos estão, amiúde, em posições trocadas. Uns nos querem mal, e fazem-nos bem. Outros nos almejam o bem, e nos trazem o mal.

(Rui Barbosa)

3. Ela se preocupa tanto com o passado que esquece o presente.

4. A guerra não leva a nada, devemos buscar a paz.

5. “O mito é o nada que é tudo”.

(Fernando Pessoa)

6. “O esforço é grande e o homem é pequeno.”

(Fernando Pessoa)

Posto isso é perfeitamente compreensível que as figuras de estilo estão, sobremaneira, estabelecidas no processo pragmático, isto é, exclusivamente no uso lingüístico. As figuras de linguagem ou de estilo são empregadas para valorizar o texto, tornando a linguagem mais expressiva. É um recurso lingüístico para expressar experiências comuns de formas diferentes, conferindo originalidade, emotividade ou poeticidade ao discurso.

Leon Cardoso
Enviado por Leon Cardoso em 12/11/2009
Reeditado em 13/11/2009
Código do texto: T1920142
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