AUTISTA É ESSA "SOCIEDADE"...

que criamos...e depois...sequer domamos.

Ele contabiliza dezoito anos e vem duma batalha contínua, daquelas que nos testemunham que nenhuma luta é inglória.

Poucos anos depois do nascimento lhe veio o diagnóstico de SÍNDROME DE ASPERGER, um tipo de "autismo" diferenciado por permitir à criança uma alta capacidade de funcionalidade, embora com a tendência de alguns comportamentos autistas, como o isolamento social.

Os pais foram informados do tal diagnóstico mais ou menos aos dois anos de idade, e a batalha se travou já por volta da idade pré-escolar.

Já escrevi textos por aqui sobre o quanto nos é difícil no nosso meio, mesmo numa cidade como São Paulo, encontrarmos escolas que estejam aptas a fazer qualquer tipo de inclusâo escolar, posto que há um défict surpreendente de profissionais formados para tal propósito.

E várias foram as vezes que se fez necessário trocá-lo de escolas, pois as mesmas admitiam não terem como prosseguir na orientação "multiprofissional" do seu aprendizado.

Atualmente cursa o segundo ano do ensino médio, e com a leitura otimizada e uma memória privilegiada, mostra verdadeira adoração pelas comunicações de rádio e televisão.

Navega na internet com a experiência dum grande marinheiro em informática.

Gosta de música. Conhecedor da vasta geografia e das capitais do planeta. Conhece tudo de fórmula um!

Ama os cachorros e os cavalos, e ressalto que a equoterapia teve grande participação no seu desenvolvimento intelectual e emocional

Gosta de quadrinhos, de livros, de vídeo game e de filmes, porém ainda tem poucos amigos.

Possuidor duma SENSIBILDADE impressionante, e é exatamente sua consciência "espacial" o tal fato que EMOCIONADAMENTE me traz aqui, à tona desta da minha reflexão, que também lanço nesse espaço.

Recentemente seus pais foram mais uma vez comunicados da necessidade duma classe com menos alunos para o próximo ano, o que significa trocá-lo novamente de escola.

"Há algo de errado comigo, mãe?"

Informado honestamente do porquê da nova troca da escola, consolou resignadamente a mãe com a melhor colocação que já ouvi dum adolescente, num genuíno "ensaio social" mais que realístico, fruto da sensibilidade que apenas os conotativamente,"muito especiais" têm:

-Mãe, não fica triste, preciso de novos amigos mesmo, porque esses da escola só falam de fumo, de bebida e de sexo.

Termino meu texto exatamente como o comecei: AUTISTA É ESSA SOCIEDADE QUE CRIAMOS E DEPOIS...SEQUER DOMAMOS.

Dedico este meu texto ao maravilhoso e dócil menino guerreiro, meu amigo, cujo desenvolvimento acompanhei de perto durante todos esses anos e por quem nutro uma imensa admiração...e respeito.