FUGIR OU FICAR, UMA SAGA, UM MEDO.
Em meio a tantos, um fato se apercebe. Um constante desejo, na cabeça de uma grande maioria, dos natos da cidade. A saga de fugir da grande metrópole, em busca de paz, natureza & liberdade. Pode parecer estranho a palavra liberdade, mas visto que quem come & respira essa tamanha correria, na atropelada cotidianidade do urbano, não imune a tantas contas, falta de espaço, além de ser açoitado noite & dia pela insegurança, & também barulho, poluição & outros bichos, traz nele uma busca homeopática para esse desejo enfático de fuga.
Por outro lado, carimbado e rotulado, esse mesmo desejo, se vê minimizado, por fatores, paliativos até, forçando a permanência do homem. O dinheiro, vulgarizado em forma de salário, para alguns casos não encontrados, para outros inexistentes, amortecedor & freio desta saga. Um sem número de supérfluos artigos, centralizados nos shoppings da vida, & a extrema inércia de se pulverizar mesquinhas mordomias, que se deixaria de gozar, tendo-se que levar uma vida no campo.
Há ainda aqueles que por razões pseudo-sociais, perderiam o rol de amigos, em razão do processado afastamento. Entre essas & outras, o homem sujeita-se a essa existência urbana, saciando malogrados egoísmos, deixando o campo apenas para possíveis férias trabalhistas com uma estada curta, retornando logo em seguida, para sua malfadada urbanidade.
O que mudou nisso tudo? O próprio campo. Já não é mais o mesmo. Muito pelo contrário. Ficou muito pior.
Peixão89
Saídas - 1984