Subterfúgio.
07/10/09
O sono fugiu; vou tentar compor algumas linhas porquanto estou sozinho,
Rever meus pensamentos no mesmo passo que a tristeza ronda de mansinho,
Vou apresentar, em remissão, as venturas que guardei a vida inteira,
Vou esquadrinhar algumas renques como se fosse a vez primeira,
As alinharei na ‘justa’ contraposição a este meu constante abandono,
Na hora exata em que a lua beija-me os lábios e me desperta do sono,
No momento em que a acepção coerente alforria, desperta para o afago,
Nesta ocasião sinto esta vontade de acordar no papel algo expondo este sentido vago,
Escrevo por sentir-me desamparado, o que para mim é uma tortura,
Um “só” impenetrável que se destempera sempre em noite escura,
Que se debruça na contemplação imóvel de meu destino vazio,
E, independente da alegria de viver, sobrepõe-se em ocasos de frio,
O vazio é desmesurado, um bafio imenso que embriaga, mas também perfuma,
Rumores de lábios vencidos que não acham resposta em coisa alguma,
Há a ausência de uma boca para a troca carinhosa de um ósculo apaixonado,
Falta um corpo presente para a correspondência de expressões no toque encantado,,
Recordo meus sonhos neste instante perene e sinto corpo e alma flutuando,
Quem sabe eu possa ir a um lugar que um outro alguém em mim esteja pensando,
Quem sabe a relva esteja molhando outros lábios “deitados” em sorriso brando,
E eu não esteja mais sozinho, pois alguém pensa em mim, mesmo que de vez em quando ?
Amaro Larroza.