Da Efemeridade da Vida
Certos acontecimentos que passaram em minha vida, seja direta ou indiretamente falando, me fizeram gestar as idéias para expulsar de minhas entranhas os pensamentos que comporão este texto.
Quero citar inicialmente o caso que aconteceu com um grande amigo de meu pai, cujo nome não convém dizer, em respeito do luto da família, e por não serem importantes os nomes, mas sim os fatos. Há tempos este amigo teve um câncer no fígado, fez os devidos exames e tratamentos e no fim se viu livre desde maldito demônio que jazia em seu interior. Muitos anos depois este amigo de meu pai reaparece bem mais magro, pois havia tomado remédio para emagrecer, e com uma certa tosse que veio a perdurar por bom tempo. Depois de relutar decidiu ir ao médico onde descobriu que seu demônio d’outrora havia reencarnado em seu corpo, porém devido as rápidas metástases, não só seu fígado, como todo seu corpo estava comprometido. Menos de um mês depois ele veio a desencarnar.
O fato supra muito me fez pensar, sendo fator decisivo, pois como sabemos, um fato prático nos desperta mais que meras hipóteses. Este amigo de painho dedicou anos ao emprego, a construir um lar, não fora santo, nem akuma (demônio), foi simplesmente um humano. Outra coisa que veio a somar para eu gestar este texto, foi ver o quanto as pessoas se castram e deixam de fazer coisas que tanto querem, simplesmente por vergonha, ou por não se sentirem seguros para falar e fazer aquilo que se tem vontade, quer ou deseja, lógico que tendo o bom senso como único limite. Juntando os dois casos, pensei, quantas coisas este amigo de pai deixou de fazer, seja uma viagem, seja ter realizado um sonho, ou aprender algo novo, etc, ou de falar, como um “como você é importante para mim”, ou “te amo”, ou resolver uma lide, ou reatar laços, etc.
Uma coisa que me fez pensar é que qualquer coisa que peça dedicação exclusiva, que nos castre de fazermos aquilo que realmente gostamos, não passa de perca de tempo, visto a efemeridade da vida. Tenho pena das pessoas que se dedicam unicamente a algo e se esquecem do que são, e somos, pessoas com desejos e vontades, e se esses são elementos constitutivos de todo e qualquer ser humano, e como tais existem para serem satisfeitos, seja total ou parcialmente, pois de nada serviria ter um desejo se não se pode ser realizado, logicamente descartando-se as teratologias, e as impossibilidades que forças superiores a nossa nos impõe.
Continuando os pensamento acima, algo que nos peça total e cega dedicação, mesmo que a recompensa seja muito boa, não vale a pena, visto que os anos que se perderam, as chances desperdiçadas, as coisas que deixaram de ser feitas e ditas, jamais voltarão, e de que adianta perder tanto tempo para no fim ter, isso ainda estiver vivo, aquilo que tanto se quis, mas dependendo do que seja, neste tempo que se perde buscando esse algo, nossas vontades e quereres tem grandes chances de mudarem, e assim vemos o tempo que fora desperdiçado. Levo em consideração que algo que nos peça tempo superior a um lustro (5 anos), não vale a pena ser feito.
Bem caros leitores, pensem sobre o dito, vejam o que tanto se perde dedicando-se tanto a algo que nos drena o tempo e a vitalidade. Deixo aqui um acontecimento de minha vida, meu pai hoje se arrepende tudo que perdeu de viver em família, por ter trocado esses momentos pelo estresse e grilhões do trabalho. A vida não é só dinheiro e labor, a vida é saber sentir os prazeres que ela nos propõe nas coisas mais simples, como o vento que nos acaricia, os momentos com os amigos e a família, o deleite que é desfrutar de um sorriso e de um gozo. A vida é aquilo que queremos que ela seja; claro que não somente flores é preciso trabalhar e gastar um determinado tempo com coisas que nos aborrecem e não nos comprazem, mas jamais devem drenar todo o nosso tempo, pois o tempo passa e o arrependimento fica.
J 1/10/09