Filosofia de Salomão
O homem é movido por vaidade, sim! E daí? Quem criou a vaidade? Não foi Deus quando disse, depois de sua exaustiva semana criativa:... “E vi que tudo era muito bom!”?
Sendo o homem semelhança de Deus, nada mais justo que ele mesmo fosse contaminado na raiz por uma divina vaidade! Ou pela vaidade divina? “Tudo é vaidade”...
“Aquilo que veio a ser é o que virá a ser” todas as águas correm para o mar, todavia, o mar nunca se enche. Aquilo que se tem feito é o que continuará a ser feito” não há nada de novo, nada que se possa dizer: isso é inédito, e espantoso! Os homens atuais só repetem os erros dos homens do passado, mesmo assim não há recordação das gerações longínquas, assim como não haverá das que virão depois dessa, da qual faço parte, que sobrevive graças a eterna mutação.
Eu como todos os filósofos, vim a ser, a me tornar estudioso dos assuntos da humanidade, pesquisei todos os atos dos homens do passado, e dos meus contemporâneos, e descobri que, tudo que buscaram, ou que buscam em seus atuais projetos é, não raro, uma corrida inútil, que os levam a lugar nenhum. “Tudo é vaidade”.Vivem sobre o efeito de uma cruel miragem, de uma ilusão, em busca da satisfação utópica. Diria o filho de Davi, Salomão, que Deus os entregou à uma futilidade, a um modo de vida de inutilidade. Ainda diz: que aquilo que nasce torto não tem conserto, morre torto. Na opulência dos tesouros do saber, há o vexame, a angústia, pois, nunca dominaremos todos os mistérios da vida, nem saberemos como se deu de fato tudo que existe, não descobriremos onde pós Deus seu primeiro tijolo na edificação do universo.
Mesmo que descobríssemos, e que isso fosse-nos capaz; entenderíamos que tudo não passa de uma grande mentira, de uma ilusão construída sobre o véu da hipocrisia, da materialização de metáforas, contos de fadas que hoje desfilam caracterizadas de verdades eternas. São histórias de mulheres velhas desocupadas, ou de aventureiros viajantes de outros mares, de outros mundos criados para acalentar crianças mimadas, que não dormem enquanto não vêem seus caprichos atendidos.
Mesmo assim continuamos em busca do tesouro perdido, ou do paraíso esquecido, deixado para trás. Não sabemos o que procuramos. Para Salomão, que era Rei, a decepção veio mais rápida, teve ele como testar todas as opções possíveis para encontrar a tão sonhada felicidade. Ergueu castelos, plantou vinhedos, formou companhias de artistas; sem falar nas “delícias da humanidade”, todas as mulheres, milhares delas. Depois de tudo experimentar diz: “tudo é vaidade e uma corrida para alcançar o vento”!
Para um simples mortal, que não é nem nunca será Rei, nem Deus, nem Filósofo; como chegar a um entendimento sobre o valor de sua existência?
Portanto, aquele que enaltece o saber procura para si a angústia do domínio dos mistérios, dos segredos da divina ignorância. Todavia, posso afirmar, por propriedade e por experiência que há mais sabor, mais prazer no cálice amargo, e no pão dormido do conhecimento do que na mesa farta, e nas orgias onde se alimentam os seres surdos, cegos e mudos, do reino da soberana estupidez.
Ainda descordando, digo que, há uma enorme distancia, um abismo que separa um ser do outro, entre o sábio e o estúpido no sentido intelectual. Diz um filósofo inocente que, apresenta uma tendência ao sectarismo às avessas que, todo homem é igual na sua insignificância, e que ambos serão esquecidos na corrente do tempo. Pergunto-te: quantos homens sem expressão cultural conhecemos, a não ser aqueles que foram eternizados por terem sido escravos de algum Rei ou de algum Governante, ou de algum Revolucionário importante da historia? Sim, é o dom da palavra, sobretudo da escrita que torna os homens imortais. Quantos séculos já se passaram e tu continuas a descobrir que estes homens não morreram? Embora seus átomos tenham se evaporado no vendaval da evolução das espécies, suas vozes continuam, não calaram, nem silenciarão no palco da vida onde a humanidade entra e sai, em uma eterna representação!!!
“À psicologia: a pretensão de descobrir o óbvio. Que não se pode entender o ser humano e continuar vivo no planeta dos macacos “o homem.”
Evan do Carmo