Investigação
Dizem, sem papas na língua, que o redondo é perfeito.
Mas estive, decidido, pensando sobre o quadrado !
Imagino-o no centro de um espaço branco onde eu sou a fronteira, sem ninguém além de mim por perto.
Ele não toca o assoalho: é flutuante.
Eu posso examiná-lo, de cima para baixo; de baixo para cima; da esquerda para a direita; da direita para a esquerda; de ângulo; de perfil.
Faço isso com uma teimosa curiosidade.
Sinto a consistência fina, delgada, de seus lados: uma lado paralelo ao outro que tangencia dois que são paralelos entre si que tangenciam o primeiro. Lados seguidos das deformidades instantâneas dos cantos. Cantos cortantes de pontas afiadas: uiiii !!!!
E aos poucos descubro a formação de seu todo, a condição da sua existência.
Constato também, como parte de seu corpo, o vazio quando nele meto meus braços que esbarram nos limites lineares da sua armação:
esqueleto geométrico !!!!!
Não posso acreditar na imperfeição de um ser que abraça o nada e para isso tem de equilibrar-se em dobras e lados iguais, o que para tanto seria preciso uma força, se não convencional, no mínimo estranha.
Acho que vou pensar melhor antes de acreditar no que dizem...