Investigação

Dizem, sem papas na língua, que o redondo é perfeito.

Mas estive, decidido, pensando sobre o quadrado !

Imagino-o no centro de um espaço branco onde eu sou a fronteira, sem ninguém além de mim por perto.

Ele não toca o assoalho: é flutuante.

Eu posso examiná-lo, de cima para baixo; de baixo para cima; da esquerda para a direita; da direita para a esquerda; de ângulo; de perfil.

Faço isso com uma teimosa curiosidade.

Sinto a consistência fina, delgada, de seus lados: uma lado paralelo ao outro que tangencia dois que são paralelos entre si que tangenciam o primeiro. Lados seguidos das deformidades instantâneas dos cantos. Cantos cortantes de pontas afiadas: uiiii !!!!

E aos poucos descubro a formação de seu todo, a condição da sua existência.

Constato também, como parte de seu corpo, o vazio quando nele meto meus braços que esbarram nos limites lineares da sua armação:

esqueleto geométrico !!!!!

Não posso acreditar na imperfeição de um ser que abraça o nada e para isso tem de equilibrar-se em dobras e lados iguais, o que para tanto seria preciso uma força, se não convencional, no mínimo estranha.

Acho que vou pensar melhor antes de acreditar no que dizem...

Alexandre Joshua
Enviado por Alexandre Joshua em 09/09/2009
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