Back2Black

Back2Black

Félix Maier

Back2Black é um trocadilho de "back to black" (volta ao negro).

O Back 2 Black Festival ocorreu de 28 a 30 de agosto de 2009, no Rio de Janeiro, com a presença da ativista política moçambicana Graça Machel, esposa de Mandela, do músico senegalês Youssou N’Dour, da economista zambiana Dambisa Moyo, do escritor e pintor sul-africano Breyten Breytenbach, considerado um dos nomes mais fortes de resistência ao Apartheid, do cineasta sul-africano Gavin Hood que produziu o filme Tsotsi, do escritor angolano José Eduardo Agualusa e do humanista popstar Bob Geldof.

Na parte musical, o B2B teve artistas de nome nacional como Marisa Monte, Ed Mota, Gilberto Gil, Dona Ivone Lara, Luiz Melodia.

É ótimo que ocorram eventos dessa natureza, para a preservação da rica e multicolorida cultura negra oriunda da África. No entanto...

No entanto, não é só de cultura negra que vive a África. Esta, predomina apenas abaixo da região sub-saariana. Todo o Norte da África - região do Magrebe, da Líbia e do Egito - não é negro, mas pardo, composto principalmente por árabes.

Claro, quando se fala da África, a primeira ideia que nos vem à mente é de que se trata do "continente negro", especialmente por ter o Brasil se servido de escravos negros oriundos de lá, durante o Império.

Mas, o que significa back to black, a volta ao negro? Significa que os promotores do evento passam a ideia erronea de que a humanidade teve origem na África negra, de que o primeiro homem, ou melhor, de que a primeira Eva ("Lucy"?), foi uma mulher negra. Se isso fosse realmente verdade, Beethoven seria negro, Einstein seria negro e até Pelé seria também negro. Por que, então, instituir o sistema de cotas racistas nas universidades, se até um branquelo azedo, como eu, sou negro?

Muitos movimentos negros não passam de movimentos racistas disfarçados. Algumas pessoas não tem o menor pudor em ostentar camisetas com os dizeres "Orgulho da raça negra" ou "100% negro". No fundo, não passam de 150% racistas!

O que se estranha é que os ditos grupos de “defesa de afrodescendentes” queiram chamar de negra, p. ex., uma morena como Thaís Araújo ou Camila Pitanga. Elas têm, digamos, uns 50% de sangue branco e outros 50% de sangue negro. São, naturalmente, “morenas”, não “negras”, como muitos (racistas de cor?) querem impor. Chamá-las de “negras” equivale a chamá-las também de “brancas”, o que efetivamente elas também não são. Nesse mesmo erro incorreu Paula Barreto, branca, filha do produtor de cinema Luís Carlos Barreto, que se casou com o jogador de futebol Cláudio Adão, e que não aceita a denominação do termo “pardo”: “Tenho horror a ele. É feio, preconceituoso. Meus filhos são negros e são felizes” (in Racismo Cordial – A mais completa análise sobre preconceito de cor no Brasil, Editora Ática, São Paulo, 1995. pg. 38). Pelo visto, virou mesmo moda de muito “moreno-claro” se apresentar como “negro”, só para acompanhar a onda “politicamente correta” em voga. Colocar uma cor acima da outra é racismo puro.

Por que chegamos a esta ridícula situação?

O (pouco) disfarçado racismo negro teve grande impulso com FHC, que na deliberação do Programa Nacional dos Direitos Humanos, criado em 1996, deu início à divisão do Brasil em um país bicolor: "Determinar ao IBGE a adoção do critério de se considerar os mulatos, os pardos e os pretos como integrantes do contingente de população negra". Assim, os negros mestiços, ainda que tenham 50% de sangue europeu, passam a ser tratadas como africanos puros, um absurdo! Com uma penada, FHC pretendeu acabar com uma instituição nacional, a “mulata”.

“Com este jogo de conceitos, o censo, que apresentava 51,4% da população brasileira como sendo branca, 5,9% como negra e 42% como parda, com o advento da nova expressão fez com que a população negra passasse a constituir 47,9% dos brasileiros. Diante dos números aima, foi criado o slogan: ‘No Brasil a pobreza tem cor, e ela é negra’. A causa da pobreza dos negros seria um ‘racismo escondido’. O governo, em vez de combater a pobreza com os instrumentos clássicos de educação de qualidade, geração de emprego, fortalecimento da família e de valores morais, com amor ao trabalho e à poupança, vem criando uma série de programas de incitamento à revolta, resultando em invasões de propriedades e desrespeito às decisões judiciais” (Nelson Barretto, in A Revolução Quilombola, Artpress, São Paulo, 2007, pg. 11-12).

Quando uma pessoa morena abomina sua "branquelice", em favor de sua "negritude", apresentando-se orgulhosa como sendo da "raça negra", está provando que é uma pessoa que tem preconceito da "raça branca". Trata-se, apenas, de uma pessoa racista e ponto final. Segundo os últimos estudos do genoma humano, dois zulus podem ser mais diferentes entre si do que em relação a pessoas de outros povos, vizinhos ou não, inclusive nórdicos.

Assim, falar em "raça" é enaltecer algo já enterrado pela ciência moderna. Falar em "raça" não passa de coisa de racista. Hoje, de cor invertida. Back to black é isso.