Sobre Nossa Ingenuidade e Outros Aspéctos
Escolho este tema por ver que ele se encaixa de maneira ímpar a nós, brasileiros. Antes que venham me crucificar, leiam o que tenho a falar, e pensem, se mesmo assim quiserem me crucificar, fiquem a vontade.
Muito me pasma quando as pessoas execram nosso Presidente, assim como a todos os nossos representantes, contudo, me limitarei a figura do Presidente. Antes de o elegerem o elevam a figura de um Deus vivo, assim como os antigos egípcios faziam, e quando enfim o colocam no áureo altar o apedrejam, difamam-no até a 5º geração. Culpam-no por não fazer nada, por ser como os outros, que se aproveitam da boa vontade popular para nos domar.
Esquecemo-nos que ele é uma merda peça num jogo de xadrez, seria o rei, o todo poderoso, mas sem a massa elitista que o apóia ele não passa de um peão de cetro e coroa, no nosso caso seria com a faixa presidencial. Querer que um só homem venha como um messias e mude tudo, moralizando todas as esferas de poder, matando a corrupção como um São Jorge com sua potente lança, e depois tudo feito ele viria sorridente e nos daria o poder. Fico pasmado por ver que muitos esperam por isto, sendo assim repito de forma altissonante, SOMOS SIM IGÊNUOS, mas negamos isso a toda custa.
Um homem não é nada frente a uma torrente de lama que tudo arrasta, por mais forte e bravio que ele seja. Outro motivo que os levam, nossos digníssimos presidentes, a não fazer nada, está em saber que nada será feito contra ele, por mais que o rechacem e o abominem, ele não deixará de ser presidente, excetuando-se raríssimos casos. Esquecemos, ou fingimos nos esquecer, que todo poder emana do povo, e mesmo muitos sabendo disso delegam para as mãos de um só homem todo esse poder, como se assim toda a culpa fosse dele. Sendo assim, além de ingênuos, somos irresponsáveis com as ferramentas que temos, como a do protesto, dos abaixo assinados, do ir até as câmaras para vermos o que será votado e por aí vai.
Uma coisa que me deixa embasbacado é que muitos esperam um alguém surgir com uma argêntea espada, sendo o arauto prometido, e quando ele ousa fazer algo, as mesmas vozes que tanto pediam mudança são as primeiras a rechaçar o outrora esperado e aclamado arauto. As coisas ficaram como estão por que nós de certa forma assim preferimos, por mais que digamos que não, pois se assim não fosse, há tempos teria ocorrido uma insurreição, e quiçá um novo modelo de governo.
Antes de bradarmos nossos quereres e nossas vontades, pensemos se realmente almejamos o que reivindicamos, para que assim quando algo começar a ser feito não sermos calados por nossa hipocrisia. A melhor forma de começar a mudar algo, é nos mudando, como diz o filósofo “conhece-te a ti mesmo”, pois quando isso acontecer e entendermos o que queremos, poderemos assim começar a algo fazer, não nos prendendo a nossa atávica ingenuidade.
J 28/08/09