Realmente Vivemos numa Democracia?

Começo este curto ensaio trazendo a baila a definição de democracia segundo Priberam1: democracia vem do grego demokratía, -as (governo do povo)

s. f.

1. Governo em que o povo exerce a soberania, direta ou indiretamente

2. Partido democrático.

3. O povo (em oposição a aristocracia).

Como pode se ver a característica basal para que seja tido nossa sociedade e nossa forma de governo como democrático, faz-se necessário que haja participação, se não total, mas de grande parte da população nas decisões que norteiam nossa nação, mas como se sabe que num país com as dimensões do nosso conhecer a opinião de cada pessoa é um fato quimérico, para não dizer utópico, para tanto se faz preciso que hajam representantes que devem primordialmente zelar pelos interesses de seus representados.

Com a atual celeuma que tanto se prostrou no nosso Senado, pudemos ver com os olhos crus e nus uma parcela da realidade do que lá ocorre. Com o atual estado de nosso Senado podemos ver que se foi, não de tempos próximos, mas sim, muito idos, mortificado o preceito basilar para que exista um Estado Democrático. Com os Senadores defendendo apenas aquilo que os interessa, deixando que propostas de suma importância para nós sejam paulatinamente torturadas, desfiguradas para no fim cair no medonho ostracismo.

Não se pode falar em democracia num país onde grande parte da população acha que isso se resume no simples fato de podermos votar e escolher nossos representantes, o que não deixa de ser verdade, mas é apenas fração infinitesimal do que realmente significa viver num Estado Democrático. Não se é possível dizer que vivemos numa democracia onde as leis não nos beneficiam, pelo contrário, nos coagem e nos repreendem, sem mencionar que elas apenas se aplicam a uma parcela da população, enquanto outras simplesmente as ignoram e saem ilesos, ferindo, assim, de forma grotesca o Princípio da Isonomia.

Quando em um Estado, os representantes, eleitos por nós, rompem o sacro pacto de nos representar e nos defender, como escudo frente ao gladiador, vê-se um retrocesso ao Estado Antigo, nos idos tempos imperialistas, onde o Senado apenas servia para dar direitos aos patrícios, para garantirem sua existência e a viverem na ostentação bancada pela sociedade como um todo. É assim que está nosso Estado hoje. Os representantes se fartam e se banham com o dinheiro público, pensando apenas em si mesmos e no modelo do jatinho que irão comprar, deixando-nos desamparados, como filhos abandonados pelos pais. Mais uma vez repito: isto é uma afronta grotesca aos princípios basilares da democracia.

Com essa decadência mórbida que recaiu sobre os lados de nossa capital federal, far-se-á necessário que se sejam aplicadas urgentes correções, para assim tentar resgatar as ideologias democráticas, mas se por ventura, essas reformas e mudanças não forem possíveis de serem feitas, e esse Órgão vir a se tornar um tumor, nada melhor do que extirpá-lo, e em seu lugar criar um novo órgão que seja compatível com a atual evolução de nosso Estado, englobando o povo que nele vive, dentro dos limites da possibilidade.

Um sistema que pode ser aplicado para dar um grande melhoramento nas nossas câmaras, seria se toda população, ou grande parte dela, tivesse acesso ao que se está sendo criado e votado, uma maneira de fazer isso seria estender a TV Senado, ou TV Câmara, para os limiares da TV aberta, e um 2º passo seria a criação de um site onde as pessoas tivessem total acesso ao que foi votado na semana e ao que está sendo votado no dia, podendo colocar os comentários e um 3º passo seria criar um sistema onde essas opiniões fossem usadas como base para nortear as votações e os projetos a serem criados.

Fazendo o que foi dito supra, estamos sim dando um colossal passo rumo a democracia de fato, além de levar ao suprassumo os Princípios da Isonomia e da Publicidade. Vale também dizer, obviamente, que todo e qualquer ato secreto seja execrado e banido, esse herético instrumento que tem por único fim afrontar os princípios constitucionais, sendo como verdugo encapusado, onde apenas se ve seu machado, desconhecendo o executor.

1 (http://www.priberam.pt/DLPO/)