A INVEJA : UM OPACO REFLEXO DE SI MESMO

Não é a toa que a inveja, um sentimento pequeno e destruidor, consta na lista dos pecados ditos "capitais".

A atual obra de "Glória Peres" a telenovela " Caminho das Índias", nos revela uma personagem (Shurya) que muito tem me inspirado a meditar sobre o assunto, e a observar melhor o derredor, posto que os invejosos estão em todo tempo e lugar.

A antiga dialética (entre o bem e o mal) que sempre movimentou os pensadores quanto à nossa holística e dual constituição humana , assegura até à psicologia que nos define a todos como seres invejosos.

Será mesmo?

Há, no entanto, quem defenda a assertiva que é a configuração do nosso superego, aquele que se molda com a primordial educação cultural, seria a responsável pelo aprendizado do controle social da inveja.

Não sei no que se baseiam tais teorias, mas a evidência da vida me leva a crer que possa não ser assim tão simples.

Tenho comigo que a inveja é parte do caráter pessoal, talvez determinado geneticamente, senão, noutra dimensão mais ampla, penso na possibilidade de ser doença do espírito, enfim, para aqueles que assim como eu, acreditam haver universos diferentes nos seres humanos, como corpo, alma e espírito.

Nem sempre a consciência de se querer ou não "SER" de determinada forma determina as mudanças no caráter dos seres humanos.

O fato é que o invejoso é um ser marcante, nunca imperceptível a quem de sensibilidade mais aguçada.

Percebê-los a tempo é quase um dom de Deus, é o que penso... e o que peço.

São extremamente identificáveis, a começar pelo olhar.

O invejoso cobiça com o olhar, desdenha fulminando o que quer do outro, nem sempre cobiçando o que o outro realmente tem de melhor.

Quem inveja geralmente tem a crítica e a auto-crítica comprometida.

Inconscientemente julga-se inferior.

O que quero dizer que é possível o invejoso desejar até a desgraça do outro, posto que sua sensação de inferioridade é tamanha, que cega ao que tem de bom em si, e ao que tem de mal , para desejar o que está muito além de si mesmo...lá no outro.

O invejoso não tem limites e deseja com a imaturidade da criança que faz birra, para ter o que quer...na hora que bem entender.

São extremamente perigosos.

Criam ciladas, movimentam montanhas para colocaram seu egocentrismo em evidência, medem forças, e mudam a história.

Não respeita laços afetivos e tampouco consanguíneos, como é muito bem ilustrado na Bíblia , através da história de Caim e Abel.

Conheço pais que têm inveja dos próprios filhos e vice-versa.

Pode parecer loucura absurda, mas existe, porque a inveja é um sentimento que não tem fronteiras, tampouco identidade, nasce das mais obscuras e tenebrosas entranhas do ser.

A inveja é gratuita, feia, medíocre, infeliz, desmedida, existe por si só, e não tem cura.

É dissimulada e universal.

É por isso que me encanto com o desempenho da personagem Shurya, porque é extremamente bem interpretada pela artista, e muito bem trabalhada pela autora da obra.

Já vi muito desses personagens pela vida afora...

Acho até que para alguns de nós, se já não nos serve como aprendizado, ao menos nos serve...de "relembrança" .

Nem sempre nos é possível , porém identificá-los é o primeiro passo para nos afastarmos dos perniciosos invejosos.

Difícil um outro sentimento para com a inveja competir!

Cruz credo! Até parece coisa do "coisa ruim".

Portanto, vale a pérola teológica: "OREMOS E VIGIEMOS!"