A sala de aula e o trabalho do professor
A SALA DE AULA E O TRaBALHO DO PROFESSOR
Telma Bonifacio dos Santos Reinaldo
A sala de aula como objeto de investigação tem se constituído como lugar de permanente analise no campo da educação e no Brasil desde os anos 1990 do séc. XX, esta presente na grande maioria dos trabalhos acadêmicos. As leituras sobre sala de aula tem contribuído como subsidio relevante para reelaborar subsídios de compreensão do que seja inovação na escola ou na academia.
A gestão da sala de aula, a relação professor X aluno, aluno X aluno, a observação in loco ou participante, as histórias de vida, a pesquisa participante estruturada, o uso do diário de bordo todos estes artefatos tem contribuído para que a pesquisa sobre sala de aula tenha alcançado uma relevância impar no cenário educacional brasileiro.
Dessa forma a pesquisa de cunho etnográfico tem viabilizado, a partir das categorias do cotidiano e das representações sociais, a importância da sala de aula como o lugar privilegiado da relação pedagógica no processo ensino- aprendizagem. Tudo isso porque a democratização e a universalização do ensino no Brasil é atualmente um dos maiores desafios para a modernização das escolas e conseqüentemente da sala de aula.
A Antropologia também tem contribuído para ampliar a leitura da sala de aula, considerando sua densidade, complexidade, diversidade e inter-relação dos sujeitos envolvidos nesse processo, por isso conhecer a sala de aula é estritamente necessário para que possamos entender as suas relações e os saberes que se gestam no seu interior.
As pesquisas sobre sala de aula a partir dos anos 1990 tem destacado a etnografia como método de apreensão da realidade e uma ferramenta por demais importante para uma descrição densa , por fala GERRTZ (2000), para ler nas entrelinhas o fazer educativo na sala de aula. A partir das contribuições de Pierre Bourdieu, Clifford Geertz, Marc Auge, Michel de Certeau e outros tem significado avanços na identidade da escola, tomando como referencial a sala de aula.
Concordando com muitos autores consideramos a aula como um momento mágico, pois é que o professor transforma processos cognoscentes, na sua ação prática, matéria enquanto conteúdo a ser informado, desse modo pela transposição didática, o professor, como prático reflexivo (Schön,2002) profere o seu dialogo com o aluno. Esse ato comunicativo pode ser um ato cientifico? Sim ou não, é um ato informacional que objetiva contribuir para a construção da cientificidade do saber transmitido.
Este trabalho docente é complexo, interativo e prático, define-se pela concretização da dialogicidade entre o aluno e o professor, portanto é interpessoal e intersubjetivo, daí se compreender que o processo de ensino-aprendizagem só acontece se os dois sujeitos desse processo estiverem abertos para o dialogo, para o apreender.Assim o aluno não “assiste” aula e nem o professor “dá” aula, esse fenômenos aula se opera num contexto, apartir de determinadas circunstancias, nas quais o saber e o conhecimento se constroem coletivamente no exercício do dialogo.
A sala de aula é um lugar de passagem, imaginário, nele passa-se a infância, a adolescência, a juventude, a idade adulta e a maturidade. Vive-se as lembranças da escola, dos itinerários construídos nessa espacialidade de carteiras, birôs, estantes, livros, simbólico, porque pertence a todos e a nenhum, por ser um lugar de passagem, Lugar que pode ser lúdico ou assombroso, depende do que acontece por lá. Cabe ao professor observar a sala de aula e perceber que ela está em mutação porque o mundo dela está em transformação.
Atualmente as crenças e valores da escola e da sala de aula estão sendo superados, a ação docente também exige dos professores novas sensibilidades para transformar a sala de aula por meio de vivencias, dinâmicas e experiências que conscientizem a necessidade de auto-superação do saber-fazer pedagógico, exigindo do professor clareza metodológica para orientar caminhos tão incertos no mundo atual.
Interessante destacar a dinâmica do trabalho docente no trato com seus alunos na sala de aula, a construção dessa identidade docente caracteriza-se pelo envolvimento do professor com o aluno , que segundo Tarfif (2002) compõe-se de saberes disciplinares, saberes curriculares, saberes pedagógicos e saberes experiências que aplicados no fazer docente cotidiano caracteriza a racionalidade que lhe é própria.