«O LEGADO DE DARWIN»
«DARWIN E AS PLANTAS»
Em boa hora o Centro de Estudos da Macaronésia da Universidade da Madeira, em parceria com a Escola Secundária Francisco Franco e com o apoio da FCT, decidiram aliar-se às comemorações internacionais, tanto do bicentenário do nascimento de Charles Darwin, como do 150º aniversário da publicação de "A origem das espécies". A forma encontrada - dinamização do workshop "Encontros de Biodiversidade na Madeira: O Legado de Darwin" - pareceu-nos a mais adequada, atendendo ao programa, que permitiu aprofundar temas que se prendem com as Ilhas em geral, e a Madeira, na qual nos inserimos, em particular.
Por outro lado, a Universidade cumpriu cabalmente a sua função, como instituição de ensino e pesquisa, promovendo a formação profissional e científica de pessoal de nível superior e divulgando resultados de pesquisas teóricas e práticas em áreas do saber humanístico (partilhando os seus resultados com a comunidade, encarada num sentido mais amplo).
Os dois dias de partilha e aprendizagem (28 e 29 de Maio de 2009) permitiram debater assuntos tão variados quanto a origem e formação das ilhas, mas também a sua colonização, biodiversidade e evolução, não descurando a ligação de Charles Darwin à Madeira.
Dos temas / conferências abordados , um deve ser escolhido e explorado por uma questão de metodologia inerente ao processo de validação da formação, por parte da Direcção Regional de Educação (DRE). Assim, encarando este workshop como enriquecimento pessoal e profissional (tanto no que concerne à minha actividade docente - já que lecciono Português e História - como no que respeita às funções que actualmente desempenho - professor destacado na Divisão de Educação da Câmara Municipal do Funchal) opto por explorar a Conferência Plenária "Darwin e as Plantas", proferida pelo Prof. Doutor Jorge Paiva, biólogo do Departamento de Botânica da Universidade de Coimbra. As razões da minha escolha prendem-se com o tema, que me permitiu explorar conhecimentos que domino menos bem, e ainda com as qualidades do orador e a sua ligação à Madeira.
Com Jorge Paiva é fácil percebermos que Charles Darwin foi um "Contra-Corrente". Do seu percurso escolar peculiar e modesto, aos professores seus amigos (como Robert Jameson e Robert Grant), passando pela arte de embalsamar, de forma científica, e pelo contacto com John Steven Henslow, que o viria a influenciar relativamente à Botânica.
Através da Conferência Plenária "Darwin e as Plantas" são facilmente entendíveis aspectos como o de as espécies vegetais constituírem os seres mais antigos do Planeta (renovando a sua parte vascular); a biomassa do globo ser vegetal (numa percentagem superior a 80%); haver menos espécies de plantas do que animais (pelo factor locomoção); as plantas fecundadas pelos insectos serem as mais fortes.
Com Jorge Paiva foi possível recordar ainda Francisco Arruda Furtado (1854-1887), para quem a flora da Madeira se parece com a extinta flora terciária da Europa.
Através da Conferência Plenária "Darwin e as Plantas" percebe-se o percurso do "Galileu da Biologia": este passou de fixista a evolucionista, durante a viagem do Beagle, baseando-se na Selecção Natural como fundamento para todas as argumentações. Este investigador e naturalista incansável, escreveu mais de uma quinzena de livros e centenas de artigos.
Fico a aguardar as várias actividades que o Centro de Estudos da Macaronésia implementará, a propósito do Ano de Charles Darwin, até ao final de 2009. Estou motivado em participar.
ANTÓNIO CASTRO
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