Dia de calmaria
“Fui, hoje, às 6:15 da manhã à praia, antes estacionei o carro sem complicações, estava tudo deserto, de início até me choquei com o silêncio calmo e invasor, senti-me parada por dentro, como se o meu interior imitasse o que se passava, tudo em mim por dentro estagnou, nada se movia ou manifestava, nem mesmo senti as batidas do meu coração ou as puxadas de fôlego para respirar, foi estranho mas necessariamente anestésico, não me percebi cansada, frustrada, nada de encantamento ou terror. Peguei um galho seco no chão, me dirigi a um monte de pedras que vi acumuladas num banco de areia fazendo uma trilha arrastando o pedaço de madeira, sentei-me nas tais pedras e naquela quietude falei a mim mesma que é preciso estar sozinha às vezes, não só ausente das pessoas, mas também de conflitos, trabalhos, estudos, até eletrodomésticos. Sorri e convencida disso enfim, naquele extremo momento de paz, consenti comigo mesma.”